Pessoas são resistentes a mudanças. Nós preferimos o conhecido ao desconhecido. Queremos que tudo permaneça da maneira como está porque alterações trazem incertezas. O status quo é familiar enquanto o novo é estranho.

No entanto, perceberemos que essas afirmações não são absolutas. Quando a mudança é para melhor, todos estão dispostos a enfrentar o desconhecido. Ninguém recusaria um bilhete de loteria premiado porque teme as consequências de se tornar milionário. Da mesma maneira, um indivíduo que convive com uma enfermidade há muito anos, não recusará um novo medicamento que lhe poderia garantir mais qualidade de vida.

Desta maneira, concluímos que o problema não está nas mudanças, mas nas perdas que algumas mudanças podem trazer.

A haftará que será lida nesta semana em todas as sinagogas do mundo, trata de uma mudança significativa na forma de liderança dos israelitas. Depois de viver muitos anos sob o governo de shoftim, juízes, o povo pede um rei.

A mudança representava o abandono de uma teocracia e a adoção de um sistema monárquico. Os israelitas queriam ser governados por um rei de carne e osso como acontecia com as outras nações. Mesmo conhecendo as desvantagens de um governo monárquico, o povo preferia assumir as consequências da mudança a permanecer da maneira como haviam se acostumado a viver.

O governo dos juízes representava uma conexão mais imediata com Deus uma vez que o juiz desempenhava também o papel de profeta. No entanto, a proximidade do shofet com Deus parecia afastá-lo das necessidades mundanas dos israelitas. Assim, o povo preferiu ter um governante um pouco mais distante de Deus e muito mais próximo das necessidades imediatas do povo.

Por muitos anos, o modelo que se seguiu foi a monarquia que teve como representantes reis do porte de David e Salomão que conduziram o povo com sucesso e deixaram importantes legados para as futuras gerações. Anos depois, a monarquia entrou em crise e novas formas de governo foram encontradas.

Em nossas vidas pessoais, também optamos por significativas mudanças. Seja a conquista de um novo emprego, um casamento, o ingresso na universidade ou a geração de filhos. Em qualquer uma dessas circunstâncias, uma situação conhecida é abandonada e substituída pela novidade.

Toda mudança envolve ansiedade e medo. No entanto, quando acreditamos que o novo nos trará boas perspectivas devemos estar dispostos a enfrentar o desconhecido.

Algumas mudanças dão errado, outras funcionam por um tempo limitado e existem mudanças que são definitivamente boas. No entanto, somente descobre aquele que arrisca.

Nós merecemos tentar. Sempre que vislumbrarmos a possibilidade de um caminho melhor, tenhamos a coragem de abandonar o calor do conhecido e assumir o risco de uma vida ainda mais feliz.

 

Shabat Shalom
rabino Michel Schlesinger