O educador e rabino da CIP Rogério Cukierman, na última terça-feira (08), trouxe reflexões sobre perspectivas para a educação judaica em nossas famílias no encontro “Como nós receberemos o futuro: com medo ou criatividade?”.

Em frente ao desafio de perpetuar o judaísmo e mantê-lo vivo e relevante nas próximas gerações, o rabino Rogério aponta que impor tradições por meio de um senso de obrigação ou medo, como um fardo, apenas distancia os jovens de uma conexão real com essas raízes.

“Das duas, uma: ou o judaísmo é importante, ou ele não é”, afirmou o rabino, “se o judaísmo tem a chance de ser relevante nas nossas vidas, porque ele deveria ser apenas para os nossos filhos e netos? E, se o judaísmo for tão irrelevante a ponto de não querermos abrir espaço em nossas vidas para ele, porque impor esse fardo aos nossos filhos e netos?”

Para o rabino, as maiores dificuldades que a comunidade enfrenta atualmente para transmitir o judaísmo aos mais novos são duas: a incompetência que temos para instigar a curiosidade para com o judaísmo, e a falta de relevância do judaísmo ensinado para a realidade de quem o vive.

“Focamos demais na ordem de acendimento das velas da chanukiá, e focamos de menos em um judaísmo que tem impacto”, afirma o rabino, “um judaísmo que fala da nossa relação com a pessoa em situação de rua, com o racismo estrutural, com o machismo, que fala da nossa relação com a vida”. Segundo o rabino, é necessário abordar as questões que cercam a vida dos jovens, suas relações e sua realidade para que eles se conectem verdadeiramente com os ensinamentos recebidos.

Para mudar esse cenário, o rabino Rogério aponta que é fundamental nos engajarmos em mudar como ensinamos e o quê ensinamos aos nossos filhos e netos. “Nunca uma geração transmitiu para a geração seguinte o mesmo judaísmo que recebeu”, refletiu o rabino, “se reconhecermos isso, significa que não devemos esperar que a próxima geração o transmita da mesma forma que o recebemos”.

Apesar do clima pessimista em relação à transmissão do judaísmo às próximas gerações, atualmente há diversas iniciativas dos próprios jovens que equilibram a conexão com as raízes tradicionais e a criatividade e inovação que o mundo atual exige. 

Para o rabino, a cerimônia de Bar e Bat Misvá é uma ponte entre a infância e o início da vida adulta judaica e, por conta disso, essa ponte não pode levar a lugar nenhum — para que esses ensinamentos façam sentido, é preciso manter-se na jornada para alcançar a maturidade judaica.

Você pode conferir a transmissão na íntegra vendo o vídeo abaixo.