Sonhos não informam, provocam

O Faraó e seus conselheiros entenderam o sonho das vacas magras e gordas. No entanto, não achavam que poderiam enfrentar a vontade dos deuses. Já Iossêf, compreendia que a interpretação era um convite para atuar e mudar a realidade.

Assim é o judaísmo. Os patriarcas e matriarcas debatiam com Deus. Enfrentavam as decisões de Deus. Entendiam que os sonhos e as revelações eram convites para impactar a realidade. O sonho não tem caráter informativo, mas provocativo.

Os judeus foram um dos primeiros povos a desenvolver a medicina porque acreditavam que o judeu não somente poderia, como deveria impactar a realidade. Outros povos achavam que curar os doentes era desafiar a vontade de Deus.

Os macabeus resolveram impactar a realidade. Certamente existiram aqueles que falaram, se nosso Templo foi conquistado pelos helenistas, é sinal que nós merecemos isso. Mas Iehudá e seus seguidores entenderam que a realidade era um convite para agir.

Quando hoje comemoramos a vitória dos macabeus e o direito de sermos judeus, precisamos ir além. Precisamos nos questionar como hoje praticamos este direito de ser judeu. Considerar, com seriedade a Cashrut, o Shabat, a Tefilá como maneiras de celebrar a vitória de forma significativa. 

O rabino Mordechai HaCohen que viveu no século 20 em Israel, leu cuidadosamente as palavras de Iossêf para o Faraó. Iaassê Faraó, o Faraó deve dar o exemplo. Os cortes precisam começar no palácio. Diminua o próprio salário, corte ministérios, tenha rigor com os gastos públicos e, então, os outros deverão fazer o mesmo.

Finalmente, quando Iossêf interpreta o sonho do Faraó ele recomenda que alguém seja nomeado para supervisionar todo este trabalho. O Faraó entendeu a mensagem e nomeou Iossêf. Assim, José garantiu não apenas que o sonho do Faraó fosse realizado, mas também, de maneira sofisticada, os seus sonhos de ter o pai e os irmãos de volta começavam a se concretizar.

Que saibamos ver nos nossos sonhos e revelação não uma descrição final da realidade, mas um convite para impactar nela. Que a celebração de Chanucá não seja apenas teórica, mas que tenhamos a coragem de produzir dentro de nós o óleo que manterá esta chama acesa.

Shabat Shalom e Chanucá Sameach!

Rabino Michel Schlesinger