Neste domingo, 20 de dezembro, organizações do movimento negro, religiosas e de direitos humanos realizam o ato inter-religioso e ecumênico Minha Fé é Antirracista – em Defesa de Todas as Vidas Negras. A data marca um mês da celebração do Dia da Consciência Negra, quando o movimento negro clamou por Justiça diante do brutal assassinato do João Alberto Silveira Freitas. 

Uma data para não cair no esquecimento: no dia 19 de novembro de 2020, o país assistiu às imagens devastadoras do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, em um supermercado Carrefour da cidade de Porto Alegre. Homem negro, João Alberto foi vítima de um crime que demonstra, em toda a sua crueldade, a desumanização dos corpos negros no Brasil, hoje atingindo níveis insuportáveis.  Após o assassinato de “Beto”, à população negra brasileira restou, mais uma vez, manifestar seu inconformismo, sua dor e sua revolta.  

Infelizmente, essa justa indignação não tem sido acompanhada pela sociedade brasileira no seu conjunto. Ao contrário, a sociedade assiste diariamente aos casos de violência policial e civil contra pessoas negras, sem que isso abra uma crise moral e ética que leve ao enfrentamento do racismo estrutural.

Hoje as organizações que convocam o ato Minha Fé É Antirracista entendem que passa da hora de romper um silêncio que é cúmplice e vergonhoso.  

Neste dia 20 de dezembro, entidades religiosas de diferentes credos e organizações de direitos humanos de todo o Brasil, convocam fiéis e cidadãos brasileiros comprometidos com a Justiça social, para que manifestem sua indignação frente ao genocídio da população negra. 

Participam do ato inter-religioso, transmitido nos nossos canais, os familiares do João Alberto Silveira Freitas, ao lado de lideranças do movimento negro de Porto Alegre e de entidades com atuação em âmbito nacional. Em forte demonstração de solidariedade, a celebração contará ainda com os líderes religiosos Iyá Sandrali de Oxum, o bispo Dom Zanoni Demettino Castro, representando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Monja Coen, o rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista (CIP), e a pastora Luterana Cibele Kuss.

O ato Minha Fé é Antirracista marca o início de uma mobilização permanente (com encontros mensais), envolvendo diferentes setores da sociedade brasileira na construção de outra celebração, em 21 de março de 2021, Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial.