Veahavta Lereacha Camocha (Vaikrá-Levítico 19:18) – Ame a teu próximo como a ti mesmo (Mateus 22:39)

Estamos diante de duas pandemias. Além do vírus SARS-CoV2, que causa a Covid19, dissemina-se o vírus do medo, do individualismo e da indiferença.

De acordo com especialistas e autoridades sanitárias, além do vírus em si, o que desafia a humanidade é a curva de disseminação determinada pela velocidade de propagação do vírus. Em todos os países onde essa curva acelerou de forma exponencial, como na Itália e na Espanha, o sistema de saúde viu sua capacidade ser largamente superada e entrou em colapso.

As lições que precisam ser aprendidas, a partir da dor e do sofrimento das populações que foram atingidas antes do Brasil, é que a sociedade precisa se (des)mobilizar ao máximo para diminuir a velocidade da propagação do vírus para que o sistema de saúde consiga atender os casos graves. O mantra é “achatar a curva”.

O que os técnicos de saúde chamam de “distanciamento sanitário” é, na verdade, uma atitude de rachamim, chessed e tzedaká, compaixão, amor e justiça. Uma forma de poupar vidas que podem ser poupadas.

Proteger-se do contágio não é apenas para benefício próprio, mas é um gesto humanitário, para o bem dos mais fragilizados. O que se protege do contágio, protege dezenas, centenas ou milhares que poderiam se contaminar a partir de si. Todas e todos estamos no mesmo grupo de risco.

Conclamamos outras entidades a liderar a sociedade e mostrar o caminho, determinando total suporte ao imediato “distanciamento sanitário” que a nosso ver deveria ser melhor chamado de “proximidade espiritual”.

Todos os especialistas afirmam que essa decisão será tomada mais cedo ou mais tarde, e concordam que quanto mais cedo melhor. Além de salvar mais vidas, mais cedo ela terá características de prudência, serenidade, firmeza e compaixão, e poderá gerar uma mobilização saudável. Mais tarde pode ser atribuída ao pânico.

A crise desafia nossa criatividade ao exigir soluções para questões que não tínhamos, mas pode aproximar as pessoas, na medida em que todos “derem as mãos” e contribuírem, fazendo a sua parte, para superar este monumental desafio.

O DCJ – Diálogo Católico Judaico – reúne líderes das duas religiões que, de mãos dadas, trabalham em prol do entendimento e do respeito às diferenças, que não nos afastam mas nos aproximam, e da promoção de valores comuns.