Na segunda-feira completamos 82 anos após a Noite dos Cristais — um dos marcos mais tristes da história judaica recente. Na madrugada de 9 a 10 de novembro de 1938, a Alemanha e a Áustria foram marcadas pela destruição de sinagogas, estabelecimentos e lares judeus. Em 24 horas, cerca de 30 mil judeus foram presos e 100 foram mortos.

O momento, 82 anos atrás, foi o marco onde judeus foram sistematicamente excluídos de toda a participação na vida pública alemã naquele contexto. Em homenagem às vítimas da tragédia, na segunda-feira tivemos um Arvít especial, seguido de um bate-papo entre o rabino dr. Ruben Sternschein e Celso Zilbovicious (diretor educacional da Marcha da Vida – Fundo Comunitário).

Trazendo um contexto histórico sobre a madrugada e traçando paralelos com situações de injustiça que encaramos atualmente, Celso falou sobre a importância de nos lembrarmos do ocorrido. “A memória tem um objetivo”, afirmou Celso, “seria muito artificial, e até desrespeitoso com as vítimas, se lembrássemos desses episódios sem a devida lição”. 

Celso Zilbovicious e o rabino Ruben levantaram qual a principal discussão que a memória da Noite dos Cristais levanta. “A Kristallnacht nos traz o alerta sobre a questão do Estado criar um factóide e culpar a parte da população que foi atingida por uma política do próprio Estado”, Celso alertou. Ele afirma que, nos dias de hoje, seguimos enfrentando situações onde o governo insiste que não há ingerência de sua parte, e se isenta de suas responsabilidades para com os direitos humanos. “Cabe ao Estado reagir contra isso”, ele completa.

Para o rabino Ruben, a principal homenagem que podemos prestar às vítimas é nos manifestarmos. “Precisamos lutar, não permitir nenhum ato violento, nenhum tipo de discriminação, nenhum tipo de marginalização”, afirmou o rabino, “na medida que cada atitude dessa seja denunciada ativamente, pró-ativamente, estaremos fazendo nossa parte.Você pode conferir a reza e a conversa na íntegra no canal da CIP no YouTube.