A Inteligência Artificial ganha dos humanos em velocidade, em memória, em abrangência, em resistência e, agora vemos no chat GPT, na capacidade de relacionar materiais e ‘aprender’ e se atualizar. Ela consegue usar todas as informações existentes em forma completa em segundos e estabelecer todas as relações possíveis entre todos os conteúdos, sem cansaço.
Tem um território no qual o humano ganha, na verdade, no qual a máquina não pode concorrer: a existência verdadeira, principalmente, no que tange a emoção autêntica e comprometimento. O humano é de verdade, sente de verdade, sofre e se alegra de verdade, se deprime e é feliz de verdade, e pode se comprometer de verdade. A máquina, a mesma máquina, pode personificar sem compromisso nenhum qualquer figura, qualquer ideologia e qualquer valor. A mesma máquina, o mesmo programa, o mesmo personagem fictício pode defender os direitos humanos e o assassinato em massa, o capitalismo e o comunismo, a paz e a guerra, o perdão e a vingança diante do mesmo assunto com a mesma (não) emoção que escolhe uma banana.
Na parashá da semana, a Torá define sua essência quase profeticamente em relação aos desafios da IA: “não está no céu… nem além do mar… senão que bem perto, na tua boca, no teu coração, na tua ação” (Deuteronômio 30).
Ou seja, a Torá em si, é muito mais do que está escrito, do que pode ser armazenado ou relacionado. A essência da Torá, o que faz diferença, está no eco que ela produz dentro do coração, vivo e único, de cada um.
Ao entrarmos em contato com o judaísmo, que possamos envolver essa emoção viva e única, que só nós humanos temos, e cuja forma singular existe apenas na individualidade de cada uma e cada um de nós. O eco individual do judaísmo é único, faz diferença e por isso, é insubstituível. Que possamos acessá-lo e compartilhá-lo.
Shabat Shalom,
Rabino Ruben Sternschein