Na quinta-feira (25), na noite de Purim, recebemos as rabinas Elca Rubinstein, Luciana Lederman e Tati Schagas para um bate-papo com o tema “De Vashti a Ester: modelos de liderança feminina na comunidade judaica”. O encontro aconteceu após o serviço festivo de Arvít, com uma leitura abreviada da Meguilá.
A rabina Luciana abriu a conversa propondo provocações acerca do bate-papo: “O título [do encontro] pressupõe um espectro em que Vashti está de um lado e Ester está de outro. A tradição judaica sempre reproduziu a ideia de que Vashti era a vilã e Ester a mocinha — elas são, de fato, tão diferentes?”.
Pensando nas figuras de Vashti e Ester como uma representação do feminino em um contexto patriarcal, ao invés de pensar apenas como indivíduos, a rabina Luciana questiona: “que modelo de sociedade a Meguilá nos apresenta, que coloca mulheres nessas situações?”
Partindo dessa análise, a rabina Elca ressaltou a importância de analisarmos a imagem de Vashti. “Ela é uma personagem da Meguilá que não tem nenhuma fala direta, nenhuma ação clara e, no entanto, é uma personagem muito forte”, aponta a rabina, “eu sou fã de Vashti porque ela teve a ousadia de dizer ‘não’ a um comando do rei”.
Refletindo sobre a figura de Ester, a rabina Tati apontou duas perguntas que a história pode trazer à tona: “Como nós nos vemos, e como queremos que os outros nos vejam? Buscar agradar a todos é uma atitude que diz respeito só a aquele que quer agradar, ou também a todo o sistema consolidado ao redor?”
Para as rabinas, é clara a influência do modelo patriarcal de sociedade não só nas atitudes de ambas, mas na maneira como a tradição judaica reproduziu essa história ao longo das gerações. “Lamentavelmente, esse patriarcado ainda é bastante arraigado nos dias de hoje, tanto na sociedade em geral, quanto nos setores da comunidade judaica”, afirmou a rabina Elca.
Você pode assistir o bate-papo na íntegra abaixo.