A Congregação Israelita Paulista (CIP) promoveu, no dia 2 de dezembro, mais uma edição especial do Café Literário, O encontro apresentou o livro “A Incomum História de um Homem Comum”, organizado por Marcio Luftglas, com mediação do jornalista Alberto Maurício Danon e foi marcado por emoção, memória e profundas reflexões sobre identidade, legado e responsabilidade histórica.
A obra reconstrói a trajetória de Ignácio Luftglas, um jovem judeu polonês de 16 anos que sobreviveu a seis campos de concentração, enfrentando fome, violência e a perda do irmão durante a guerra. Libertado em 1945, ele segue para Israel e, depois, para o Brasil, onde reconstrói a vida a partir do zero — uma história real que atravessa gerações e inspira resiliência.
Durante o encontro, Marcio Luftglas compartilhou momentos pessoais que impulsionaram a criação do livro, revelando memórias íntimas de seu pai e da própria jornada emocional envolvida no processo de escrita. “Eu estive na Polônia duas vezes, e foi lá que percebi que o que eu estava planejando por 20 anos — escrever este livro — precisava finalmente acontecer. Fizemos em seis meses. Foi um processo de lembranças, reencontros, emoções e muita alegria. O mais importante é que escrevi para os meus filhos. Uma deles não conheceu meu pai e os outros ainda eram muito novos quando ele faleceu. Quando eles leram, gostaram, comentaram, se emocionaram isso foi o momento mais emocionante para mim. Os três adoraram o livro, então eu já considero a missão cumprida”, afirmou.
Marcio também destacou os agradecimentos fundamentais para a realização do projeto: aos irmãos Sérgio Luftglas e Tânia Glezer, ao ilustrador Ivo Minkovicius, que conheceu seu pai, e ao escritor Marcus Aurelius Pimenta, responsável por transformar as conversas e memórias em narrativa.
O mediador Alberto Danon abriu o encontro emocionado, ressaltando sua ligação com a família Luftglas e a importância de manter vivas as histórias da Shoá: “É uma honra estar aqui na CIP, num evento tão importante e tão significativo, entrevistando o Márcio, que é um grande amigo. Antes de ser amigo dele, fui amigo do pai dele, que me disse: ‘você será amigo dos meus filhos’. Pela causa e para que as pessoas não esqueçam o que aconteceu, é uma emoção muito grande estar aqui. No debate, quero explorar o que o motivou a escrever agora, o que ele trouxe de especial e o que deseja transmitir às novas gerações.”
Encerrando o evento, Laura Feldman, presidente da CIP, reforçou o compromisso da instituição com a memória e a educação judaica, destacando também o potencial pedagógico da obra: “Nós temos aqui na CIP cursos de Bar e Bat Mitzvá, e já vou separar exemplares para nossos oitenta alunos. Todos nós temos contato com escolas e coordenadores, e podemos introduzir este livro também em instituições não judaicas, fazendo um trabalho de formiguinha para ampliar essa consciência. Quero agradecer ao Marcio, ao Danon e a todos que vieram. Há mais de 20 anos a CIP realiza o Ato em Memória às Vítimas do Holocausto, e esse é um tema fundamental para toda a nossa comunidade.”
O Café Literário é uma realização da Congregação Israelita Paulista (CIP) com o patrocínio do C6 Bank, CSN, Itaú, Bemol, Rosset, Banco Safra, Teleperformance, Smartstorage e Aurora com apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.





















