Memórias afetivas, mais do que narrativas históricas, foram o foco do Café ve’Ugá especial em comemoração de Iom haShoá ve’haGvurá na CIP, na última sexta-feira, conduzido pela rabina Kelita Cohen.

Oitenta anos após o término da guerra, o Sr. Stefan Lippmann, sobrevivente da Shoá que não passou por campo de concentração, mas viveu 6 anos da sua infância distante dos pais, compartilhou com os presentes o impacto de ter seu nome mudado, sua identidade ocultada e suas referências familiares subtraídas. E mesmo diante de tamanha tragédia, um ato de bravura que vai além da resistência armada (tão relevante em contextos de ameaça à vida) foi colocado em realce na narrativa do sr. Stefan: a resistência existencial e espiritual.
Cada pessoa que ouviu dele suas experiências, se tornou cúmplice e herdeiro dessa história, para fazê-la ecoar na próxima geração e contribuir para o grito de “Nunca Mais”.

Stefan Lippmann, membro ativo da nossa comunidade cipiana, chegou ao Brasil em 1946 aos 11 anos acompanhado de sua mãe, quem encontrou ao término da guerra, foi acolhido no Lar das Crianças da CIP, foi lobinho na Avanhandava, cursou Engenharia Elétrica na Politécnica da USP, tem contribuído para a sociedade brasileira desde sua chegada a essas terras, e vem compartilhando com muita generosidade seu legado e sua visão positiva da vida. Seu pai, Ernest Lippmann z”l, foi assassinado em Auschwitz em 1944. Encontrar há pouco tempo no Yad Vashem essa informação precisa o ajudou a reconstituir parte da sua história que havia sido furtada.