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chevra@cip.org.br
A criação da Chevra Kadisha da CIP começou a ser discutida pouco tempo após a fundação da Congregação. Um dos motivos foi a preocupação de seus integrantes com a diferenças no ritual funerário, de acordo com a origem de cada uma das famílias. Assim, em outubro de 1937 foi fundada a Chevra Kadisha da CIP, com um grupo de voluntários formado por dez mulheres e seis homens, que se dedicou a esta importante e imprenscindível mitsvá de dedicação às famílias neste momento de dor.
O principal objetivo, até os dias atuais, é dispensar ao falecido um tratamento digno, adequado e honroso, estritamente em conformidade à halachá e às tradições de nossas origens. O serviço está disponível para sócios e não-sócios da CIP. Tão logo nossa Chevra Kadisha é acionada, todas as medidas e detalhes necessários (civis, legais, operacionais e religiosos) são imediatamente providenciados (remoção, preparação, cerimonial, liturgia,rezas na casa dos familiares, publicação de anúncio nos jornais, etc) com o comparecimento do responsável.
Desde a criação da Chevra, a colaboração de um grupo responsável pela confecção das roupas e lençóis utilizados nos rituais fúnebres foi fundamental. As voluntárias da Costura da Chevra Kadisha reúnem-se quinzenalmente e, entre elas, algumas são responsáveis pelo tahar (banho ritual), que é parte integrante do cerimonial funerário.
Ser voluntário de uma Sociedade Sagrada Funerária é uma das mais honradas mitsvot que existem. Caso tenha interesse em participar de um de nossos grupos, entre em contato através do email chevra@cip.org.br.
A Congregação Israelita Paulista, com pesar e tristeza solidariza-se à família do falecido unindo as nossas preces em sua memória e homenagem.
Neste momento de dor, a CIP tentará amenizar, ao menos em parte, a preocupação dos familiares e amigos no que tange às tramitações burocráticas e operacionais envolvidas desde o falecimento até, praticamente, o final do luto, através da Chevra Kadisha.
Para maior comodidade e orientação, apresentamos a seguir, sucintamente, o conjunto de atribuições da nossa Chevra Kadisha a partir do momento em que esta é acionada:
• Tendo ocorrido o falecimento, em qualquer circunstância ou local e em qualquer horário, a Chevra Kadisha da CIP deverá ser notificada na pessoa do Sr. Sergio Cernea, através do telefone 3083-0005, do celular 99204.2668 ou ainda do telefone da Central de Atendimento da CIP (2808-6299). A Chevra comparecerá ao local no menor prazo possível.
• O Atestado de Óbito é o único documento a ser providenciado pelos familiares ou responsáveis. Este deverá ser expedido em formulário apropriado pelo médico que constatou o óbito e entregue ao Sr. Sergio Cernea. Nesta ocasião deverá ser fornecida a Cédula de Identidade (RG), ou equivalente quando estrangeiro, e o CPF do falecido. No caso de ser o falecido do sexo masculino, solicitamos à família que disponibilize o seu talit.
• Um membro da família ou responsável deverá, ainda neste primeiro momento, prestar algumas rápidas informações adicionais, tais como: dados pessoais do falecido, tribo judaica à qual pertence (Cohen, Levi ou Israel), nome hebraico, se deixa bens e herdeiros, se possui reserva de terreno no Cemitério Israelita, etc.
• No caso de o falecido não ter reserva prévia de terreno no Cemitério do Butantã, tão logo seja possível, algum membro da família ou responsável deverá comparecer pessoalmente ao Cemitério do Butantã para contratação do terreno onde será realizado o sepultamento.
• De comum acordo entre a Chevra Kadisha da CIP e os familiares, será agendada a data e o horário para o eventual velório, bem como para o sepultamento propriamente dito.
• A Congregação Israelita Paulista inclui em seu serviço, gratuitamente, a realização do Minian Diário (matinal e vespertino) na residência do falecido, ou em qualquer outro local determinado pela família durante a primeira semana de luto. Caso a família decline de tal prerrogativa, o referido Minian poderá ser realizado na Sinagoga da própria CIP.
• A Chevra Kadisha da CIP, na pessoa do Sr. Sergio M. Cernea, estará à disposição dos familiares ou responsável para quaisquer outros atendimentos correlatos, inclusive no acompanhamento permanente do funeral, da programação da Cerimônia de Schloshim (30 dias), da Matzeva (inauguração do túmulo), assessoria na publicação de anúncios nos principais jornais, contratação do túmulo (Matzeva), etc.
Quaisquer outras informações poderão ser obtidas diretamente com o Sr. Sergio M. Cernea.
A Congregação Israelita Paulista apresenta as suas condolências aos enlutados augurando-lhes serenidade, saúde e shalom.
Muito pelo contrário. É um tributo que prestamos ao morto. A origem desta tradição milenar se encontra no Livro de Eclesiastes: “Assim como veio, assim irá.” Da mesma forma como um recém-nascido é imediatamente lavado e ingressa no mundo fisicamente limpo e espiritualmente puro, assim também aquele que parte é simbolicamente purificado através do ritual da tahará (“purificação”).
O Yahrzeit é contado à partir do dia da morte, seguindo o calendário judaico. Por exemplo, se uma pessoa faleceu no terceiro dia do mês de Tevet, seu primeiro Yahrzeit é comemorado exatamente um ano depois, isto e, novamente no dia 3 de Tevet.
Existe uma exceção a esta regra. Se, por algum motivo, o sepultamento se realizou três ou mais dias após a morte, o primeiro Yahrzeit a calculado a partir do dia do enterro. Nos anos seguintes, entretanto, observa-se o Yahrzeit no aniversario do falecimento.
A palavra “Shivá” significa “sete”, e se refere ao período de sete dias de luto fechado, contados a partir do dia do enterro. A tradição tem origem na Torá, quando José “chorou sete dias” pelo seu pai, Jacob (Gênesis 50:10). Durante uma semana, os enlutados ficam em casa, abstendo-se de quaisquer atividades profissionais ou de lazer. Parentes e amigos fazem visitas de condolências à casa dos enlutados, e três vezes por dia (de manhã, à tarde e a noite) realizam-se serviços religiosos.
A instituição da Shivá tem como finalidade dar à família forças psicológicas e espirituais para continuar depois da perda de um ente querido. O enlutado não esta só; muito pelo contrário, ele faz parte da “comunidade” dos “enlutados de Sion”. É esta consciência de grupo que lhe dá conforto, que lhe permite emergir fortalecido, preparado para enfrentar as vicissitudes da vida, e pronto para reassumir suas responsabilidades perante o seu povo.
A palavra “Shloshim” significa “trinta” e se refere ao período de luto entre o término da Shivá e o trigésimo dia. Existe na Bíblia uma alusão ao prazo de um mês como período de luto, num dos preceitos sobre o tratamento da mulher cativa: “Ela permanecerá em tua casa, chorando seu pai e sua mãe durante um mês” (Deuteronômio 21:3).
Embora muitas das restrições referentes a Shivá sejam mantidas durante o Shloshim, o enlutado começa nesta fase a reintegrar-se na sociedade e reassume, em parte, sua vida normal.
Yizkor (“Que Ele se lembre”) a um serviço comemorativo dos finados que se realiza na sinagoga quatro vezes por ano: em Yom Kipur, Pessach, Shavuot e Sukot (mais especificamente, Shemini Atzeret). A cerimônia consiste na recitação de preces pelos mortos, a oração “El Malé Rachamim” (“Deus pleno de misericórdia”) que e entoada pelo chazan (o cantor litúrgico) e, em algumas sinagogas, a leitura em voz alta da lista de todos os membros da congregação falecidos durante o ano.
Reunindo-nos como coletividade para recordar nossos entes queridos, não só prestamos um tributo aos que partiram, como também reafirmamos o vínculo sagrado e indissolúvel entre os filhos de Israel unidos na alegria e na dor.
O Kadish é um hino de louvor a Deus. Por ser tradicionalmente recitado nos enterros e nos serviços comemorativos dos finados, ele é popularmente considerado como uma oração pelos mortos. Entretanto, o Kadish não faz nenhuma referência à morte ou ao luto. É puramente uma exaltação a Deus e uma súplica por um mundo de paz.
Embora os cabalistas do século XVI atribíissem um caráter místico ao Kadish, alegando que toda vez que ele era recitado, a alma do falecido se elevava a um nível espiritual mais alto, o valor intrínseco do Kadish se relaciona a pessoa que o recita. Há uma expressão pública de fé em Deus por parte do enlutado, uma aceitação da Sua vontade mesmo em face da dor e da tristeza, uma submissão aos desígnios divinos diante da incapacidade de racionalizar uma tragédia pessoal.
O Kadish tem sido um dos fatores predominantes da continuidade do povo judeu – um elemento essencial daquele cordão umbilical que vem ligando as gerações judaicas uma a outra através dos tempos.
Yahrzeit a o aniversário do falecimento, calculado pelo calendário hebraico. Nesse dia costuma-se visitar o túmulo do falecido e mantém-se uma vela acesa durante 24 horas. Os filhos recitam o Kadish na véspera, a noite, e no próprio dia do Yahrzeit, de manhã e à tarde.
Algumas pessoas jejuam no dia do Yahrzeit de um parente chegado, em sinal de pesar. Os chassidim, entretanto, considereram o Yahrzeit uma ocasião de júbilo e com base no conceito místico de que a cada ano que passa a alma do falecido ascende a um nível espiritual mais alto.
Simbolicamente, as paradas demonstram nossa relutância em nos separarmos do ente querido que morreu.
O Kadish era originalmente recitado no final de um sermão ou de uma sessão de estudos, e continha um parágrafo a mais que constituía uma prece pelo bem-estar de todos que se dedicam ao estudo da Torá. A primeira referência ao Kadish como uma oração dos enlutados se encontra no livro Or Zarua, escrito no século XIII pelo Rabino Isaac Ben Moses de Viena.
Além destas duas formas – o Kadish dos rabinos (Kadish deRabanan) e o dos enlutados (Kadish Yatom) duas outras versões são usadas em nossas sinagogas hoje em dia: uma forma abreviada recitada no final de cada parte do serviço (Chatzi Kadish) e o “Grande Kadish” (Kadish Shalem), recitado no término do serviço religioso.
Nos judeus frisamos a igualdade de todos os seres humanos em sua morada final. Na morte, rico e pobre se encontram, pois ambos foram criados por Deus” (Provérbios 22:2). Somente as pessoas abastadas poderiam ser enterradas com pompa. Por esta razão, fazemos questão de realizar o enterro sem ostentação, sem enfeites, sem flores, ressaltando o respeito ao falecido através da simplicidade.
Mais ainda, nossos rabinos tinham receio da tendência humana de cultuar os mortos. É interessante notar que o local do sepultamento de Moisés é desconhecido, para evitar que cometamos o pecado da idolatria. Flores eram freqüentemente usadas pelos pagãos em seus rituais fúnebres. Nós, como judeus, não cultuamos os mortos. Pelo contrário: diante da morte, reafirmamos a vida. E traduzimos a memória em ação.
Quando perdemos alguém que nos é muito querido, nós nos “retiramos” da sociedade. Abatido pelo trágico golpe, o enlutado se abandona simbolicamente, descuidando a aparência pessoal, deixando crescer a barba e o cabelo durante trinta dias, assim como o antigo nazireu. No espírito do isolamento, de um afastamento temporário do convívio social.
De acordo com a lei judaica, nenhum indivíduo pode chorar uma perda pessoal nos dias nacionais de festividade. A santidade e a alegria do Shabat e dos feriados sobrepõem-se à tristeza do luto.
Embora o Shabat seja contado como um dos sete dias, interrompe-se temporariamente a observância da Shivá, e os enlutados costumam sair de casa nesse dia para assistir aos serviços religiosos na sinagoga. Quando termina o Shabat, reinicia-se a Shivá.
Se um dos principais feriados judaicos (ou seja, os feriados bíblicos) cai durante a Shivá, o restante da Shivá é anulado. O mesmo acontece quando ocorre um feriado entre o término da Shivá e o trigésimo dia de luto: anula-se o restante do Shloshim. (veja pergunta seguinte).
No antigo Templo, o Sumo Sacerdote usava uma simples vestimenta de linho branco no dia mais sagrado do ano, Yom Kipur, o único dia em que lhe era permitido entrar no “Santo dos Santos”. Lá ele confessava a Deus, e pedia o perdão divino pelos seus pecados e os pecados do seu povo. Analogamente, quando a pessoa morre, ela vai ao encontro do Criador envolta numa simples roupa branca, símbolo de humildade e pureza.
Mais ainda, enterrando ricos e pobres em vestes iguais, simples e sem quaisquer ornamentos, ressaltamos um dos grandes valores judaicos e universais: a igualdade social.
O desconforto físico é um meio de acentuar o estado de luto. Neste contexto, os enlutados abstêm-se de usar sapatos de couro, roupas novas, cosméticos, enfim tudo que traz conforto e prazer.
Originalmente, os rabinos estipularam que o Kadish deveria ser recitado durante um ano, até terminar o prazo de luto no qual os filhos devem se abster de participar em reuniões festivas, bailes, etc.
Entretanto, surgiu um impasse. Existia na antiga tradição judaica uma crença de que toda pessoa, após a morte, tinha que expiar os pecados cometidos na Terra, antes que sua alma pudesse entrar no Paraíso. E quanto maior o número de pecados, maior o tempo de expiação, sendo que o prazo máxima era de doze meses.
Baseado nesta crença, o Rabino Isserles de Cracóvia decretou no século XVI que o Kadish deveria ser recitado somente durante onze meses, pois se fosse mantido o período total de um ano, poderia parecer que o falecido tinha sido um pecador do mais alto grau.
Certamente não por motivos de higiene. A morte não é suja; a morte é uma parte natural, lógica e orgânica da vida. Lavamos as mãos porque a água é o símbolo da vida, reafirmando assim nossa crença de que a vida é mais forte do que a morte.
Após lavar as mãos, deixamos que elas se sequem naturalmente, sem usar uma toalha. Simbolicamente, demonstramos assim nosso desejo de jamais obliterar nossos laços com o falecido e, pelo contrário, conservá-lo em nossa memória para todo o sempre.
Nas palavras da Bíblia: “Porque és pó, e ao pó tornarás” (Gênesis 3:19). Participando do ato do sepultamento, demonstramos que aceitamos a vontade de Deus. Simbolicamente, devolvemos a Ele o que Ele nos deu.
A tradição judaica considera que deixar o corpo à vista uma violação do princípio de “kevod hamet”, respeito pelos mortos.
Mais ainda, se deixássemos o corpo exposto, estaríamos limitando nossa perspectiva a realidade física da morte. Cobrindo-o, tentamos conservar na memória a imagem da pessoa em vida, e alargamos nossa visão para abranger uma dimensão espiritual.
Trata-se de um costume relativamente recente (datando da Idade Média), que pode ser explicado de várias maneiras.
Primeiramente, durante a Shivá (a primeira semana de luto), realizam-se diariamente serviços religiosos na casa dos enlutados. A lei judaica proíbe rezar diante de um espelho.
Outra razão é que a função básica do espelho relaciona-se diretamente com a vaidade pessoal, e esta contraria o espírito do luto, especialmente durante os primeiros dias, quando o enlutado deve se abster de fazer a barba, cortar o cabelo, enfeitar-se, etc.
Finalmente, o espelho reflete a imagem da pessoa somente se ela estiver fisicamente presente diante dele. Ao cobrirmos os espelhos na casa dos enlutados, demonstramos simbolicamente que mesmo sem a presença física daquele ente querido que partiu, sua imagem continua real e viva. Longe dos olhos, não longe do coração.
O costume de colocar uma pedra tumular (matzeivá em hebraico) remonta aos tempos dos nossos patriarcas. É um ato de respeito pelo falecido. Marcando visivelmente o local do sepultamento, asseguramos que os mortos não serão esquecidos, e sua sepultura não será profanada.
A pedra tumular pode ser colocada a partir do término da Shivá. O mais comum, entretanto, é esperar decorrer um ano para inaugurar a matzeivá. Isto porque uma das funções básicas da pedra tumular é manter viva a memória do falecido. E, de acordo com o Talmud, “a memória dos mortos torna-se menos intensa após doze meses.”
A tradição judaica recomenda que a lápide seja simples, sem nenhuma ostentação. Simbolicamente, porque a morte é o grande nivelador. Se havia diferenças em vida, elas são eliminadas na morte. Não há ricos nem pobres. Somos todos iguais, porque nosso destino final é o mesmo.
“O espírito do homem é a vela do Senhor” (Provérbios 20:27). A luz das boas ações praticadas pelo falecido ao longo da vida o acompanhará ao repouso eterno.
De acordo com o pensamento místico judaico, a chama simboliza a alma do ente que partiu, pois ela se dirige sempre para o alto. Mantendo uma vela acesa durante a primeira semana de luto, e também no dia do aniversário do falecimento, estamos ajudando a ascensão da alma aos céus.
De acordo com a tradição mística judaica, a pessoa quando morre encontra-se com o Criador. E seria indecoroso contemplar a Presença Divina ao mesmo tempo em que se observa as coisas mundanas. Fechando os olhos do falecido para o mundo físico, permitimos que ele os abra para a paz do mundo espiritual. Geralmente é o filho quem pratica este ato, em lembrança das palavras confortantes de Deus ao patriarca Jacob: “Teu filho José colocará as mãos sobre teus olhos” (Gênesis 46:4).
Trata-se de um ato simbólico para marcar visivelmente nossa presença no local. É como se estivéssemos dizendo ao ente querido: “Você não foi esquecido.”
Este ritual, keriá, é um sinal tradicional de luto desde os tempos bíblicos. A Torá relata que Jacob, ao receber a falsa notícia de que seu filho José tinha sido devorado por uma fera, reagiu “rasgando as vestes” (Gênesis 37:34). Também David rasgou suas vestes ao saber da morte do Rei Saul e seu filho Jonathan.
Talvez esse ritual tenha uma finalidade psicológica: uma forma de descarregar a dor e a angústia diante da perda de um ente querido.
Ao rasgar a roupa, o enlutado profere a bênção “Baruch Dayan Emet”, “Bendito seja o verdadeiro Juiz”, demonstrando assim que apesar da tragédia, sua crença em Deus e na justiça divina continua inabalável.
A forma arredondada do ovo simboliza a natureza cíclica e contínua da vida, e reflete nossa crença na imortalidade da alma. Embora não retenha mais seu formato original, o ovo foi num estágio anterior a fonte de uma nova vida. Assim também, apesar de não podermos mais desfrutar da presença física do ente querido que partiu, estamos conscientes de que as sementes que ele plantou aqui na Terra ainda gerarão belos frutos, e que seu espírito viverá eternamente.
Outra explicação: assim como o ovo não para numa mesma posição e vira continuamente, esperamos que a nossa sorte também possa virar, e que a tristeza de hoje possa se transformar na alegria de um novo amanhã.
Claro que sim. A lei judaica nos proíbe visitar o mesmo túmulo duas vezes num único dia. Esta regra tem sido mal interpretada por algumas pessoas, que entendem ser proibido visitar outro túmulo depois de assistir a um enterro. Completamente sem fundamento. Por outro lado, a lei judaica exige que, no final do enterro, os presentes fiquem em fila para consolar os enlutados. Talvez por este motivo, alguns acham desaconselhável visitar outro túmulo após o enterro. Em suma, é permitido visitar quantos túmulos se queira, desde que antes seja cumprida a obrigação humana de dar apoio e solidariedade aos recém-enlutados.
Certamente. Embora a lei judaica incentive um viúvo ou uma viúva a se casarem novamente, esta segunda união não deve e não pode substituir a primeira. Um amor não apaga o outro; um casamento não anula o anterior. As memórias permanecem intactas, e devem ser respeitadas pela pessoa viúva, mesmo após o segundo casamento.
A lei Judaica ordena que o corpo seja sepultado o mais breve possível, de preferência no mesmo dia. Esta regra deriva de uma injunção bíblica no caso de um criminoso ser condenado a pena de morte e enforcado numa árvore: “Seu cadáver não poderá permanecer ali durante a noite, mas tu o sepultarás no mesmo dia” (Deuteronômio 21:23). Uma exceção é feita no Shabat, durante o qual não se pode realizar o enterro. Adiar o sepultamento é visto como um desrespeito para com o morto e uma interferência nos planos do Criador. Segundo as fontes místicas judaicas, a alma só descansa depois que o corpo é enterrado.
De acordo com a lei judaica, a obrigação de recitar o Kadish recai sobre os filhos homens, e deve ser cumprida na presença de um minyan. Quando não há filhos vivos, o parente mais chegado costuma fazê-lo.
As filhas não são obrigadas a recitar o Kadish. As autoridades ortodoxas sugerem que as filhas honrem a memória dos pais ouvindo atentamente a recitação do Kadish e respondendo “Amém”.
Entretanto, não há nada na lei judaica que proíba as filhas de rezarem o Kadish, e tal procedimento é comum entre os judeus liberais.
Não, por dois motivos. Primeiro, porque a cremação era originalmente um ritual pagão, um ato associado com a idolatria que o Judaísmo combateu. Segundo, porque a lei judaica proíbe a mutilação do cadáver. A Bíblia afirma: “Porque és pó, e ao pó tornarás” (Gênesis 3:19). A decomposição do corpo deve ocorrer naturalmente, sem interferência externa.
Existem casos excepcionais (durante as epidemias, por exemplo), em que a lei judaica permite a cremação. Porém, mesmo em tais situações, é necessário consultar um rabino.
A idéia de vida após a morte é um postulado da teologia judaica, porém não uma afirmação. E como muitos outros conceitos, esta sujeito a diversas interpretações.
Para os ortodoxos, a noção de “vida após a morte” é uma declaração da crença na vinda do Messias, que ressuscitara fisicamente os mortos. Para os judeus liberais, por outro lado a idéia e mais figurativa do que literal existe a terra dos vivos e existe “a terra dos mortos”. A ponte entre elas é o amor. Nós atravessamos essa ponte diariamente, por meio dos nossos pensamentos e dos nossos atos. Seguindo o exemplo daqueles que partiram, dedicando nossa vida à perpetuação dos seus ideais, nós lhes concedemos a imortalidade. Enquanto nós vivermos, eles viverão.
Não existe nenhuma lei em si. É costume guardar as roupas que o falecido estava usando quando morreu. As outras roupas e pertences podem ser distribuídos entre parentes, amigos e instituições beneficentes. Trata-se de um assunto pessoal no qual a lei judaica não interfere.
Sendo um tributo aos mortos, o Yizkor pode ser recitado em memória de qualquer parente falecido, ou até mesmo de um amigo. No entanto, pela lei natural da vida, o mais freqüente é as pessoas recitarem o Yizkor pelos pais. Daí surgiu o costume de que aqueles cujos pais estão vivos não permanecem na sinagoga durante o serviço comemorativo.
É apenas um costume, não uma lei.
O Judaísmo considera o suicídio um crime tão grave quanto o assassinato. No cerne da doutrina Judaica esta o ensinamento de que nenhum ser humano é dono do seu próprio corpo, pois ele não se fez sozinho. Quando se fere o corpo ou a alma, comete-se uma ofensa contra a obra e a propriedade divinas. O Criador da a vida e somente o Criador tem o direito de tirar a vida.
Por este motivo, alguns dos ritos tradicionalmente incluídos na cerimônia de sepultamento são negados ao suicida,- e ele é enterrado numa parte do cemitério afastada dos outros túmulos.
Existe, entretanto, uma opinião divergente: o suicida, no momento decisivo, não estava de posse de suas faculdades mentais, ele agiu inconscientemente. Portanto, não deve haver discriminação no sepultamento.
De acordo com o Talmud, “o homem deve ser enterrado em seu próprio terreno” (Bava Batra 112a). Um cemitério judaico é considerado patrimônio comum da coletividade israelita, satisfazendo portanto o preceito talmúdico No caso de um cemitério não-judaico ou “ecumênico”, o ritual judaico de sepultamento só pode ser realizado desde que forem cumpridas as seguintes exigências:
1) A família deve adquirir um lote inteiro no cemitério, para que possa ser qualificado como “terreno próprio” A sepultura em si não é considerada “propriedade”;
2) O lote deve estar situado numa parte desocupada do cemitério, para que possa ser cercado e delimitado como um terreno separado.
Dada a complexidade das condições acima estipuladas, é norma do Rabinato não celebrar o rito judaico de sepultamento fora de um cemitério israelita.
Obrigação ele não tem. Mas se o convertido quiser observar o luto pela sua mãe católica segundo a maneira tradicional judaica, ele pode. O respeito aos pais e um dos mandamentos máximos do Judaísmo. E tal mandamento não conhece distinções religiosas.
Mais ainda, a finalidade do Kadish, na verdade, não é rezar pelos mortos. O Kadish é uma expressão da nossa fé inabalável em Deus diante do mistério da morte. E não teria sentido a lei judaica proibir tal louvor a Deus, em nenhumas circunstâncias.