Este ano vai ser difícil. Em um momento assim, o setor que mais sofre é aquele que depende de doações: as instituições beneficentes, as fundações, as ONGs e os templos. Penso que nos cenários mais desafiadores é que devemos ser ainda mais generosos. Parece algo contraintuitivo, mas é justamente nos momentos de crise que devemos doar mais.
A CIP é uma instituição beneficente que assiste, por meio de seus projetos sociais, famílias vulneráveis. Sabemos que qualquer crise atinge os mais fracos primeiro e de maneira mais violenta. Assim, faz sentido acreditar que precisaremos de mais recursos para apoiar àqueles que já auxiliamos de modo ainda mais profundo.
A Congregação Israelita Paulista também presta apoio espiritual. Nos momentos de crise aumenta-se a busca por respostas metafísicas para os desafios materiais que se colocam à frente de nossos sócios e frequentadores. Finalmente, a nossa comunidade tem também um papel social importante. Nos momentos de escassez, precisamos fortalecer ainda mais nossos vínculos pessoais para enfrentarmos em grupo, com criatividade e energia, aquilo que já não podemos superar de maneira individual.
Quero sugerir que 2017 seja um ano que, cada um de nós, vai contribuir como nunca contribuiu até hoje. Quem deu 5 dará 10, quem deu 10 dará 20 e quem deu 20 dará 50.
Assim como não faz sentido imaginar que um casamento em crise será reconstruído com menos doação por parte dos cônjuges, ou uma relação de trabalho conturbada irá se estabilizar com menor dedicação de patrão e empregado, da mesma maneira este ano difícil não será menos difícil se não fizermos nossa parte.
A palavra terumá, que significa doação e nomeia a parashá desta semana, vem da raiz hebraica de “erguer”, “levantar”. O motivo original disso é que as oferendas eram erguidas e colocadas sobre o altar. No entanto, é possível interpretar que a doação ergue o espírito de toda a sociedade. Levanta aquele que se encontra fragilizado e ergue também, moralmente, aquele que contribui para o fortalecimento da comunidade. Que saibamos transformar o cenário desafiador que nos aguarda em uma estimulante oportunidade de terumá, de elevação.
Shabat Shalom.
Rabino Michel Schlesinger