No último sábado (23), o MOV 20:35 e a Academia Judaica realizaram o evento “Diversidade na cultura e educação judaica: gênero e sexualidade”, com bate-papos sobre o tema dentro da comunidade judaica. 27 pessoas estiveram presentes na CIP, enquanto outras 88 assistiram a transmissão do evento de forma remota.

Na primeira mesa, os convidados Dr. Daniel Olson, Rabino Rogerio Cukierman, Dra. Raizel Rechtman e Noah Hamaoui conversaram a partir do questionamento: “é possível uma educação judaica LGBTQIA+?”. 

O Diretor de Iniciativas Estratégicas e Pesquisa da Comissão Nacional de Ramah em Nova York, Dr. Daniel Olson, contribuiu trazendo uma experiência pessoal. Ele conta que, na escola judaica que estudou nos Estados Unidos nos anos 90, existiam professores de estudos judaicos que eram abertamente homossexuais, sendo aceitos pela comunidade local, além de serem educadores incríveis. Ele reiterou que cresceu em uma comunidade muito especial, já que isso não era muito comum para a época. 

Outra informação relevante que Olson trouxe foi aumento de pessoas abertamente homossexuais, bissexuais e transsexuais, fato que também transparece dentro da comunidade judaica. “O meu marido foi para o seminário teólogico judeu em Nova York e um terço da classe dele era parte da comunidade LGBTQIA+”.

Ele completou trazendo que “há muitas pessoas que já saíram do armário dentro das escolas e que são líderes judeus, não só rabinos, também estamos falando de educadores e líderes organizacionais em todo os Estados Unidos”. 

A psicóloga e participante do MOV.edu, Dra. Raizel Rechtman, pontua que “se o judaísmo se propõe a ser uma religião pautada no Ticun Olam, então é óbvio assumir a questão LGBTQIA+ nesse momento e principalmente nesse momento histórico, que o óbvio precisa ser reafirmado a cada dia”.

Ela também ressalta que a quantidade de letras da sigla traz um acolhimento e um cuidado, que são necessários ao falar de educação judaica e educação no geral, trazendo um reconhecimento a todos esses grupos historicamente marginalizados. 

Ela também comenta sobre a negação da educação sobre diversidade nas escolas que “não pode ser considerada liberdade quando existem pessoas morrendo, sendo violentadas, sofrendo, e acho que isso é algo muito importante para pensarmos enquanto comunidade judaica”.

Noah Hamaoui, Madrichá pela Colônia da CIP e Avanhandava, complementa a discussão ao dizer que “o judaísmo é uma religião muito questionadora, e a gente sempre achou isso muito importante (…) e principalmente no ambiente tnuati, a gente ensina muito as crianças a questionarem sobre o mundo, então com certeza essa questão vai aparecer”. Ela complementa falando que a coisa mais importante tem sido responder as perguntas que os chanichim fazem com a verdade, aproveitando as oportunidades para ensinar sobre diversidade.

Já o Rabino Rogério Cukierman agrega ao abordar a importância de um projeto de educação anti-preconceito para a educação judaica, ao “quebrar essa visão de que se o judaísmo tem algo a dizer sobre gênero e sobre sexualidade vai ser a coisa mais careta, mais tradicionalista possível, quebrar esse preconceito é a primeira tarefa que a gente precisa ter”. Além disso, ele pontuou sobre a necessidade de educarmos a partir do judaísmo que acreditamos e quem nós somos, não do judaísmo “certo”, trazendo representatividade para os espaços educativos, seja as escolas ou as tnuot. 

Algumas das perguntas que surgiram dessa conversa foram: como lemos nossas fontes judaicas? Como tratamos gênero e sexualidade nas escolas e movimentos juvenis? Quais projetos políticos estão em disputa no cenário brasileiro? Para assistir ao bate-papo completo, clique aqui!

Logo após a primeira mesa com os convidados, os espectadores presenciais puderam participar de um segundo bate-papo com o Dr. Daniel Olson, sobre como é estar casado com um rabino gay. 

O evento apresentado pelo Ministério do Turismo e a CIP foi uma parceria com os Jovens Adultos da Comunidade Shalom, realizado pela Academia Judaica e o MOV 20:35 da CIP, o Hineni da FISESP, o Gaavah do IBI, o Ramah e o Centro de Desarrollo e Inovación Educativa. 

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