Este shabat coincide com a Festa de Sheminí Atseret, a última das festas do mês de Tishrêi. Aqui em Israel a festa dura apenas um dia e nela comemoramos Simchat Torá, quando lemos a última das parashiót da Torá e imediatamente reiniciamos sua leitura em Bereshít.

Na diáspora, Sheminí Atseret tem a duração de dois dias, e Simchat Torá é comemorada apenas no segundo dia. No primeiro dia, a festa gira em torno do Izcór (lembrança pelos antepassados falecidos) e da Tefilát haGuéshem – a reza pela chuva.

Em nossas preces diárias entre Sheminí Atseret e Pêssach, judeus do mundo todo dedicam algumas palavras ao pedido de chuvas para a Terra de Israel, pois das chuvas no período correto depende toda a produção agrícola de nossa terra ancestral.

No dia de Sheminí Atseret, porém, não se trata de poucas palavras, mas sim de todo um ritual repleto de poesia, em que pedimos pela salvação divina em forma de chuva. Nessa terra de clima árido e semiárido, a chuva é sinal da misericórdia divina, sinal de bênção, sinal de salvação para a terra.

De certo modo, é como se Rosh HaShaná só terminasse em Sheminí Atseret. É como se essa festa marcasse o último dia de deliberação em que Deus em toda Sua bondade e misericórdia emite seu veredito sobre a criação, selando o destino desse novo ano para toda a natureza, não mais apenas sobre o ser humano.

Em Rosh HaShaná fui perguntado por um jovem da comunidade australiana porque não recomeçávamos a leitura anual da Torá já no dia do ano novo; porque esperamos mais três semanas até Simchat Torá para fazê-lo.

A resposta talvez esteja aí: o início do ano judaico não é apenas mais um dia no calendário. O início do ano judaico é um processo que envolve nossa auto avaliação, que envolve reparação de erros, que envolve o reconhecimento da Divindade como Soberano do universo, e que, por fim, envolve a nossa confiança em Deus e Seus atos.

Após todo esse processo estamos prontos para recomeçar mibereshít, do princípio.

 

De Jerusalém,

Shabat shalom ve Chag Samêach!

Moré Theo Hotz