O verde da própria grama

Um relato chassídico famoso, conta que uma pessoa tinha sonhado com um tesouro. Acordou cedo desenhou detalhadamente o mapa que no sonho levava até o tesouro e se encaminhou em direção a sua fortuna. Quando chegou à metade do trajeto encontrou uma pessoa que vinha na direção oposta e resolveu descansar no mesmo ponto que ele. Durante o descanso conversaram e para surpresa de ambos caminhantes, ambos tinham sonhado com um tesouro e ambos se dirigiam em busca dessa fortuna. Ao abrirem seus respectivos mapas a surpresa aumentou ao descobrirem que cada mapa conduzia à casa do outro.
Sendo assim, eles concordaram que seria melhor cada um voltar a sua casa com o mapa do outro na mão, para achar o tesouro sonhado pelo outro no próprio lar.
Na parashá da semana os irmaõs Iaakov e Esav brigam por uma benção. Iaakov quer a benção de Esav e a pega, Esav então quer a benção dada a Iaakov. Deverão se passar nas próximas parashiot mais vinte anos até que os irmãos se re-encontrem num abraço e um choro generoso. Nesse encontro estarão dispostos a dar muito de si ao irmão. Pois terão desenvolvido, cada um, sua própria benção. Terão sido, cada um, sua própria benção. Terão descoberto que a benção não vem de fora e não pode ser roubada. Só pode ser descoberta dentro e desenvolvida por si próprio.
Embora a grama do vizinho pareça mais verde, nossa grama também é mais verde para ele e através dele, muitas vezes, a través de habitar a casa e a vida dele, conseguimos voltar à própria e descobrir nosso próprio e único verde.
Quando Shimon Peres visitou EUA o então candidato à presidência, Barak Obama, perguntou-lhe:
– “Se eu for eleito, que poderia fazer por Israel?”
E Peres respondeu:
– “O melhor que pode fazer por nós em Israel, se for eleito presidente dos EUA, é ser o melhor presidente dos EUA que puder ser”.
Sempre o melhor que temos para fazer, é acreditar que guardamos todos um tesouro interior, buscá-lo, descobri-lo e desenvolvê-lo. Pois ninguém poderá trazer ao mundo essa contribuição a não ser nós mesmos.
Shabat shalom
Rab. Dr. Ruben Sternschein