A minha vida é, como a de todo mundo, um caminho, e eu já caminhei muito… Meu caminho foi cheio de curvas, de subidas e de descidas.
 
Um dia eu me senti no fim de uma descida perigosa, enfrentei uma cirurgia, a minha mente navegava em mares revoltos. A minha querida amiga Claudia Drucker também enfrentou o que eu enfrentei, mas ela estava com um alto astral que eu não conseguia ter e me convenceu a ir à sinagoga da CIP para rezar o Hagomel.
 
Hagomel para que? Sempre soube que esta reza existe, mas para que rezar? Para que serve? As rezas existem, as apreendi quando jovem, as ensinei para os meus filhos, tentei ensiná-las para alguns netos….
 
Quando criança meu pai rezava comigo e traduzia o que me ensinava “e essas palavras, que eu te mando hoje, serão impressas no teu coração, as ensinarás para os teus filhos, falarás delas…” e eu fiz, missão cumprida. Minha fé? Não sei, mas no Judaísmo não existem dogmas. Para ser um bom judeu não precisa acreditar, precisa fazer. A ideia do Shabat, isto é, de um dia de descanso, é um presente que o Judaísmo deu para a humanidade. Mas há muitas maneiras de observar o Shabat…
 
No Shabat eu fazia o que durante a semana eu não tinha tido tempo para fazer. Quando criança, meu pai às vezes me levava à sinagoga no sábado de manhã; antes de completar os doze anos eu sentava ao lado dele e ele ia me explicando; depois não podia mais sentar com os homens e comecei a achar a cerimônia do sábado de manhã extremamente longa e chata. Não fui mais.
 
Agora fui na sinagoga pequena da CIP, onde acontece o serviço de Shacharit Shabat Neshamá todos os sábados, porque a minha amiga insistiu, cheguei tarde, rezamos o Hagomel, não me sentia ainda bem, mas continuei na sinagoga até o fim da função, as melodias eram diferentes das que lembrava, mas as palavras eu conhecia, me senti em casa.
Encontrei pessoas simpáticas, todo mundo participando, homens e mulheres, eu também participei. Mulheres com kipá e talit.
 
Há muito tempo tinha perguntado para o meu pai porque as mulheres não usavam o talit e os tefilim e ele tinha me respondido que em nenhum lugar estava escrito que as mulheres não deviam usar talit e tefilim, mas as mulheres não tinham obrigação de usá-los, pois antigamente as necessidades da casa eram muitas e eram prioritárias. Voltei no sábado seguinte, e no seguinte. Comecei a me organizar fazendo durante a semana o que fazia no sábado de manhã. Sentia que frequentar este grupo fazia bem para mim.
 
Participei de um Shabat CIP BaBait3, organizado pelos voluntários do Neshamá, gostei. Quando foi perguntado onde podia ser o próximo Shabat BaBait eu na hora disse: – Na minha casa – e assim foi e foi muito bom. Estavam presentes e tiveram brilhante participação os organizadores, rabinos e rabinas, um músico, e foram trazidos no dia anterior um Sefer Torá e sidurim da CIP.
 
Eu, como espectadora participante, aproveitei muito. Os participantes do grupo são muito prestativos, eles me disseram: – Você vai abrir a tua casa para receber-nos, nós pensamos no resto. E assim foi. Recebi os convidados e foi oferecido um rico almoço que eles mesmo tinham preparado. As atividades continuaram numa atmosfera serena até o pôr do sol.
 
Este SHABAT NESHAMÁ fez bem para minha alma!
 

Escrito por Ariella Pardo Segre, sócia e frequentadora da CIP;
trabalha no Fundo Comunitário e outras instituições.