O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com a sua declaração neste domingo (18/02/24), envergonhou o Brasil. 

A sua fala leviana ao comparar a guerra na Faixa de Gaza com o Holocausto ignora o direito de autodefesa e resgate de reféns por Israel contra o grupo terrorista Hamas, fere a memória dos 6 milhões de judeus executados pelo regime nazista por simplesmente serem judeus e desconsidera, ainda, as contribuições humanitárias, tecnológicas e científicas de Israel para o mundo. Lula, mais uma vez, rebaixa a política internacional brasileira, sempre respeitada pelo seu diálogo e equilíbrio. Na sua viagem internacional, descartou uma visita ao Estado de Israel, que foi barbaramente atacado no dia 07 de outubro de 2023, nesse caso, com a motivação da jihad islâmica, travestida de resistência palestina, com o slogan de “matar judeus”. Será que o Sr. Presidente inverteu os papéis?

Em 2006, o Presidente Lula participou do Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto na Congregação Israelita Paulista. Sentou-se no púlpito ao lado do rabino Henry Sobel z’l e afirmou na frente de centenas de congregantes, políticos, líderes religiosos e diplomatas, que seu governo vinha investindo em mecanismos contra o preconceito. Ainda ressaltou que a Polícia Federal investigava ações criminais antissemitas e racistas na internet, afirmando: “Agiremos sem trégua contra qualquer forma de intolerância.”

O histórico de ações e falas do Presidente apoiando irrestritamente os palestinos e condenando Israel e o seu povo demonstra total intolerância. O Presidente escolheu um lado, uma única vítima e fala como um estadista passional representando a nação brasileira, pouco se preocupando com a sua pior consequência: a animosidade em relação ao povo judeu, aos israelenses (cidadãos judeus e árabes) e o decorrente crescimento do antissemitismo em território nacional. Ao empoderar a banalização do Holocausto, incita a intolerância aos seus seguidores, inibe e intimida judeus no seu direito de ir e vir, cria medos, faz muitos evitar certos lugares e repensar se o Brasil, que os acolheu há 80 anos, ainda é um lugar seguro para viver, empreender, transformar e colaborar. 

O filósofo Bernard-Henri Lévy disse em sua visita ao Brasil em 2018 que “os judeus americanos, como os judeus brasileiros e os judeus franceses, erram ao acreditar que estão resguardados. Quaisquer que sejam as carícias feitas, quaisquer que sejam os sorrisos hipócritas que lhe sejam endereçados, o populismo sempre desemboca no antissemitismo.”. Uma constatação ou uma profecia?

 Quando há um clima de ódio que surge numa sociedade, estimular a intolerância e o preconceito, nada contribui com a paz e diálogo, no final das contas a gente sempre acabará no antissemitismo. Presidente Lula, é preciso ter muito cuidado e responsabilidade ao se usar a liberdade de expressão para tratar da maior crueldade destruição da dignidade humana. Já vivenciamos um mercado livre de ideias antissemitas e sabe o que aconteceu? A Shoá, o Holocausto. Não há sociedade que permita liberdade irrestrita sem responsabilidade pelo dano a outrem. Esperamos a sua responsabilidade, antes que seja tarde.

A Congregação Israelita Paulista, como filiada à CONIB e a FISESP, acompanha a nota de repúdio manifestado por essas entidades, como também, acolhe a comunidade judaica brasileira, plural e construtiva, formada majoritariamente por orgulhosos brasileiros natos, que está decepcionada por razões diversas, mas na sua totalidade, perplexa com essa declaração irresponsável.