Ao longo desta semana, o rabino Michel Schlesinger promoveu dois encontros do Dilemas Éticos — um com Milton Blay, sobre seu novo livro “O vírus e a farsa populista”; outro com Elena Landau e Milton Seligman, sobre liberdade e seus dilemas.

As conversas abordaram nossos conceitos sobre liberdade, o impacto da pandemia no agravamento da desigualdade social do país, a importância de pensar coletivamente em políticas públicas e muito mais.

O vírus e a farsa populista

Milton Blay — jornalista, escritor e correspondente em Paris do Portal 274 —, após reforçar a importância da CIP em sua vida e desenvolvimento pessoal, teceu reflexões com o rabino Michel sobre seu novo lançamento, “O vírus e a farsa populista”, publicado pela Editora Contexto.

Para ele, a desigualdade social que nos encontramos é resultado da construção de um mundo onde a humanidade não está no centro das atenções. “Me pergunto o que nos levou a achar que saúde, educação e seguridade social não eram coisas essenciais. Que poderíamos melhorar com produtividade e com diminuição de custos”, afirma Blay.

“A ideologia do Estado mínimo é um absurdo. Outras pandemias virão, e se não vierem, haverá a crise climática, que já está aqui. É preciso urgentemente criarmos um novo pacto social. Precisamos reabilitar o Estado, porque só ele pode garantir com que nós, seres humanos, estejamos no centro das atenções”, reflete Blay.

Para o rabino Michel, a humanidade hoje enfrenta uma grande dificuldade em lidar com a liberdade. Para ele, essa falta de entendimento sobre o conceito faz com que as pessoas acreditem que o ideal seja o contrário da liberdade — a ditadura, o fascismo.

“Esse conceito hoje é invocado por quem diz que não quer tomar vacina porque é livre, que não quer se isolar socialmente porque é livre. A liberdade, assim como qualquer outro valor, está em diálogo com outros valores. Ela não é um valor absoluto, é um valor que convive na sociedade com outros valores. A hora que a minha liberdade coloca em risco a vida de outras pessoas, a minha liberdade precisa ser limitada”, afirma o rabino.

Considerando esse cenário, Milton Blay acredita que o que está em jogo atualmente é a sobrevivência da democracia. “A extrema direita hoje diz que a ditadura é melhor que a democracia. Precisamos tomar muito cuidado para construir, a médio e longo prazo, um mundo melhor e mais humano”, ele afirma.

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Liberdade e seus dilemas

As reflexões da semana continuaram no encontro com a economista e advogada Elena Landau e o engenheiro Milton Seligman, em que o rabino Michel Schlesinger conduziu uma conversa sobre liberdade.

Para introduzir a conversa, o rabino Michel reforçou como a liberdade é um tema central no judaísmo. “Nós temos esse mito de formação do povo judeu, que é a saída do Egito e a travessia do Mar Vermelho, que marcou de forma definitiva o judaísmo e a essência de Deus. Deus tem a liberdade no seu próprio ‘RG’ — ele se apresenta dizendo ‘Eu sou o eterno teu Deus, que te libertei da terra do Egito’. O fato de Deus ter nos tirado da terra do Egito faz com que sua própria identidade seja modificada”, ele reflete.

“Deus não pode conceber um mundo que não seja um mundo livre, em que todos tenham a possibilidade de atravessar o seu Mar Vermelho. No século 21 vivemos diversas formas de escravidão, e diversos cerceamentos de liberdade. Quanto mais longe do Egito estamos, maior a nossa responsabilidade em ajudar os que ainda não concluíram sua travessia. Essa travessia é coletiva, não é individual”

Ao longo da conversa, a desigualdade social que enfrentamos no Brasil foi apontada como um grande inimigo do exercício da liberdade. “Como uma pessoa que passa necessidade pode exercer sua liberdade e suas opções? Sem o básico, o indivíduo não tem a capacidade de escolher”, afirmou Landau.

“O Brasil tem recursos de orçamento para investir em proteção social — precisamos organizar esses recursos. O problema é que, para isso, precisamos tirar de um lugar para colocar em outro, e, com isso, mexemos com pequenos nichos de poder”, aponta Elena.

Partindo do pressuposto de que não se pode ser livre sozinho, precisamos assumir a responsabilidade de lutar pela liberdade de todos, Milton Seligman critica movimentos que dizem prezar por ela: “Os que se dizem liberais e libertários atualmente, no fundo, defendem o uso da liberdade como dominação da maioria. Uma minoria com liberdade de dominar a maioria”.