Vocês sabiam que judeus liberais criaram um jejum para recordar o Holocausto?

O judaísmo liberal luta para manter as tradições judaicas. Com este propósito, estuda nossos livros sagrados e verifica possibilidades de adaptar o judaísmo ao mundo moderno mantendo suas raízes.

Assim, por meio de um estudo aprofundado das nossas fontes, o judaísmo liberal verifica, por exemplo, como o Shabat pode ser flexibilizado sem deixar de ser Shabat e como a Cashrut pode ser respeitada quando vivemos em um ambiente não Casher.

De um modo geral, os movimentos liberais trabalham para flexibilizar o judaísmo e torna-lo mais acessível. No entanto, existem algumas exceções interessantes. Em alguns casos o judaísmo liberal será mais exigente do que o judaísmo ortodoxo. Algumas restrições foram criadas por rabinos liberais e tornaram o judaísmo mais severo em determinados campos.

Um exemplo disto é o jejum de Iom Hashoá. Não existe, dentro da corrente judaica ortodoxa nenhum jejum associado exclusivamente ao Holocausto. Rabinos liberais decidiram que a maior tragédia recente do povo judeu precisava ser marcada por um dia de jejum.

Se jejuamos em Tishá Beav para lembrar da destruição dos Templos de Jerusalém, se temos outro jejuns menores como Assará Betevet e Tzom Guedália, precisamos também jejuar para recordar as vítimas da Segunda Guerra Mundial.

Na época do Talmud, jejuns eram estabelecidos por nossos rabinos quando viam a necessidade de ressaltar algum evento histórico. Da mesma forma, o judaísmo liberal fez-se valer deste instrumento de sensibilização religiosa para recordar o dia do Holocausto.

A memória do Holocausto é um desafio de todos nós. É cada vez menor o número de homens e mulheres que podem contar a história da Segunda Guerra na primeira pessoa. Nossos filhos e netos precisam conhecer este período de sombra na História da Humanidade em geral e História do Povo Judeu em particular. Um esforço precisa ser feito para que o tema seja estudado em todas as escolas do mundo sejam elas públicas ou particulares, judaicas, cristãs, afiliadas a qualquer outra religião ou laicas.

É muito importante que todos saibam o que foi esta tragédia e até onde pode chegar a maldade do ser humano, para que a barbárie não se repita jamais.

Nesta sexta-feira, dia 09 de novembro, recordamos a noite dos cristais ou Kristalnacht. Neste mesmo dia, há 80 anos, sinagogas da Alemanha e Áustria foram profanadas. Suas construções foram incendiadas, seus objetos sagrados destruídos. Principalmente, suas janelas foram quebradas dando origem ao nome Kristalnacht, noite em que os cristais da presença judaica na Europa começaram a ser covardemente estilhaçados.

Se alguém tivesse uma bola de cristal…
Aquela noite de 1938 era um aviso do porvir.
Quem destrói templos ceifa também vidas humanas.

Aquele que perdeu a noção do sagrado e do profano começa quebrando uma janela e termina fechando qualquer fresta de esperança para todo um povo.

Todos nós morremos no Holocausto. Não existem sobreviventes.

Judeus e não judeus. A humanidade morreu no holocausto, assim como morre um pouco em cada ato de brutalidade e violência perpetrado contra inocentes.

Entraram no palácio de cristal e correram diretamente para nossa cristaleira. Romperam nosso amado candelabro de cristal e a luz da vela se apagou. Ah, se alguém tivesse uma bola, uma bola de cristal.

Rabino Michel Schlesinger