Escolher a morte?
Se pudéssemos escolher como morrer, o que escolheríamos? Preferiríamos morrer repentinamente ou aos poucos? Sabendo a data e o modo ou surpreendidos? Com alguma doença que fosse nos apagando ou com todas nossas faculdades ativas e conscientes?
O que gostaríamos de deixar a nossos descendentes: respostas, soluções, perguntas ou desafios? As duas primeiras opções providenciariam tranquilidade, mas as últimas proporcionariam sentido e gerariam crescimento.
Na parashá da semana o patriarca Jacob se despede e morre. Como em outras ocasiões a Torá narra a morte por meio da vida, enfatizando mais como a pessoa viveu do que como morreu.
Jacó chama seus filhos declarando que não sabe quando irá morrer e por essa razão prefere abençoá-los enquanto pode. Após esse episódio o texto informa que Jacó fica doente. Os interpretadores clássicos dizem que o patriarca foi o primeiro personagem da história que “ganhou” uma doença para poder controlar e organizar sua saída do mundo. Preparar-se e preparar seu entorno.
Seu ato principal é elaborar uma bênção personalizada para cada filho. Essas bênçãos não incluem votos ideais a serem preenchidos por algum Deus milagroso. Elas são, acima de tudo, desafios. Jacó aponta forças, fraquezas, conquistas, pendências e oportunidades.
Que possamos viver vidas significativas todos os dias, deixando forças e desafios aos que venham atrás. Que possamos valorizar com nossas atitudes e sabedoria o bom e o possível, nos encorajando a lutar pelo melhor. Que deixemos o mundo com mais dignidade do que tínhamos quando chegamos a ele.
Shabat Shalom
Rabino Dr. Ruben Sternschein