Com a presença de autoridades diplomáticas e lideranças políticas, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito Ricardo Nunes, a CONIB, a Fisesp e a CIP realizaram ato neste domingo (28) pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

O evento foi marcado por declarações fortes contra o antissemitismo, de condenação ao Hamas, de apoio a Israel e em defesa de uma revisão da posição brasileira de apoio à África do Sul contra o Estado judeu na Corte Internacional de Haia.

“O Holocausto nos atingiu fortemente e não precisamos receber lições de moral para distinguir entre terroristas e cidadãos e muito menos de mancomunados democratas sentados na cadeira de couro de Haia liderados pela África do Sul”, disse o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg, ao destacar que, junto com o conflito Israel-Hamas “o antissemitismo cresce a galope”. Ele pediu a libertação imediata dos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza e fez críticas à diplomacia e ao governo brasileiro.

Lottenberg disse que convidou o presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para o evento deste domingo, mas não obteve retorno. “Eu, como brasileiro, fico frustrado, porque o Brasil sempre teve posição bastante equilibrada e tentou criar espaço para poder conciliar e participar de um cenário de construção, de entendimento. Infelizmente, desta vez, não é o que está acontecendo”, disse.

O governador Tarcísio de Freitas iniciou seu discurso destacando: “Não à negação do Holocausto, não ao antissemitismo”. E prometeu garantir a segurança da comunidade judaica de São Paulo.

Ricardo Nunes afirmou que todas as lideranças políticas brasileiras devem se posicionar contra o Hamas. “A grande missão de toda comunidade judaica é o ‘nunca mais’. No dia 7 de outubro, tivemos esse ato gravíssimo. E as lideranças políticas de nosso País precisam deixar claro quem apoia o Hamas e quem combate o Hamas. O Hamas é um grupo terrorista”, destacou.

O evento reuniu sobreviventes do Holocausto, autoridades civis, religiosas e comunitárias em um tributo aos seis milhões de judeus que perderam a vida durante o genocídio nazista. As vítimas do atentado terrorista de 7 de outubro também foram homenageadas. Neste ano, houve o acendimento simbólico de sete velas (uma a mais do que é feito tradicionalmente).

A cerimônia teve dois momentos que emocionaram o público: o primeiro quando dez sobreviventes do Holocausto subiram ao palco para cantar o Hino Nacional do Brasil e, assim, reafirmar a acolhida que tiveram no Brasil, após terem sofrido uma das piores perseguições da história da humanidade. Eles são protagonistas da campanha de combate ao antissemitismo “Obrigado, Brasil”.

O segundo momento contou com a apresentação ao piano da sobrevivente Sarah Lewin. Prestes a completar 98 anos ela realizou o sonho de subir ao palco e tocar uma música no piano. Sobrevivente do nazismo, Sarah encontrou na música, especialmente no piano, a força para ressignificar a sua existência.

“Sempre é importante lembrar! Nunca vamos nos esquecer do que a humanidade passou na ocasião do Holocausto. Neste dia 27, as homenagens não são apenas para as vítimas judias. mas também para todas as minorias que foram perseguidas pelo regime nazista”, disse o presidente da Fisesp, Marcos Knobel, ao destacar que “o massacre praticado pelo grupo terrorista Hamas, em Israel, trouxe à tona a memória viva do antissemitismo, dando a esse fenômeno — já um velho conhecido da comunidade judaica — uma roupagem moderna”.

“De acordo com a Organização das Nações Unidas, o Holocausto foi um ponto de virada na história da humanidade, que levou o mundo a dizer ‘nunca mais’. Infelizmente, o ‘NUNCA MAIS’ perdeu o prazo de validade no dia 07 de outubro de 2023. Não temos explicitamente garantia, segurança e comprometimento pelas vidas dos judeus. O mundo silenciou novamente, como denunciado no livro do sobrevivente Ben Abraham z’l”, frisou a presidente da CIP, Laura Feldman.

O evento foi marcado por atitudes simbólicas, como a presença de mulheres da comunidade usando vestidos confeccionados especialmente para a data com os nomes dos 136 reféns israelenses que ainda permanecem sob o poder do Hamas em Gaza.

A data também marcou o lançamento do Projeto de Combate ao Antissemitismo e ao Discurso de Ódio, da CONIB. O órgão de representação e coordenação política da comunidade judaica no país busca atuar na linha de frente no combate à intolerância, que escalou no Brasil e no mundo após o ataque de 7/10. O projeto inédito tem como primeira entrega uma plataforma educativa de conscientização, letramento e monitoramento sobre o antissemitismo e o discurso de ódio no Brasil.