Sobreviventes da Shoá, representantes de várias religiões, autoridades, líderes políticos e diplomáticos e da comunidade judaica se reuniram nesta quinta-feira (27) na sinagoga da CIP para homenagear as vítimas do nazismo no Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto. O evento foi promovido pela CIP, Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP), com apoio do Consulado de Israel em São Paulo.

Ricardo Berkiensztat, presidente executivo da FISESP, apresentou o evento, lembrando que em 2005 a ONU aprovou resolução instituindo o 27 de janeiro como Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto. A data, lembrou ele, é uma homenagem aos seis milhões de judeus e a outros milhões de vítimas do extermínio nazista. A resolução rejeita qualquer questionamento de que o Holocausto foi um evento histórico e enfatiza o dever dos Estado-membros de educar futuras gerações sobre os horrores do genocídio e condena todas as manifestações de intolerância, ou violência, baseadas em origem étnica ou crença.

Em São Paulo, a lei que instituiu o Dia em Memória às Vítimas do Holocausto é de autoria do então vereador Floriano Pesaro, e foi sancionada pelo então prefeito Gilberto Kassab em 12 de dezembro de 2009. 

Mario Fleck, presidente da CIP, lembrou os horrores do nazismo e citou o Irã como uma nova ameaça aos judeus e a Israel, uma vez que está prestes a desenvolver uma arma nuclear e reafirma sua pretensão de varrer o Estado judeu do mapa. 

O Cônsul Geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, se referiu ao Holocausto como o mal maior da história da humanidade e citou o importante trabalho de países e das instituições judaicas contra o antissemitismo. 

Marcos Knobel, que neste mês assumiu a presidência da FISESP, falou sobre a força e a coragem dos sobreviventes e a necessidade de se combater o antissemitismo. Citou o papel das mídias sociais como meios de propagação do discurso de ódio e falou sobre o importante trabalho de instituições judaicas no apoio e acolhimento de sobreviventes, como a Unibes, Tenyad, Einstein, Museu Judaico e Memorial do Holocausto. 

O presidente da Conib, Claudio Lottenberg, lembrou que o 27 de janeiro também marca a libertação do campo de Auschwitz pelas tropas soviéticas e destacou a importância de lembrar tanto as atrocidades quanto suas vítimas, bem como a importância da vigilância permanente. “Acredito, cada vez mais, que para o antissemitismo não existe vacina, antidoto, tratamento clínico ou cirúrgico, mas o dever da vigilância permanente contra todo e qualquer movimento que possa levar ao sentimento de intolerância”. 

Um dos momentos mais emocionantes da cerimônia foi o discurso da sobrevivente Margot Bina Rotstein, que vivenciou a Noite dos Cristais e deu seu depoimento. Nascida em Berlim e naturalizada brasileira, ela fugiu da Alemanha com seus pais aos 6 anos de idade após a família ter sobrevivido ao episódio em que o regime nazista matou judeus, incendiou sinagogas, saqueou e destruiu lojas da comunidade judaica em 1938. 

“Sou grata a merecida e justa resolução da Assembleia Geral da ONU, aprovada na última semana e que condena a negação do Holocausto e pede às autoridades de todo o mundo mais medidas para combater este tipo de conteúdo e o antissemitismo em geral! Pedido este que há muito estamos fazendo e, sempre que possível, reforçamos para lembrar a todos, principalmente a geração que vem vindo, para que esta vergonhosa página da recente história não seja apagada, renegada e muito menos esquecida”, destacou ela. 

O evento contou ainda com falas do governador João Doria, do prefeito Ricardo Nunes, dos governadores de Minas Gerais e do Paraná, Romeu Zema e Ratinho Junior, da vice-governadora do Ceará, Izolda Cela, dos cardeais Dom Odilo Scherer e Dom Orani Tempesta, do cônsul da Alemanha para assuntos culturais, Julius Calaminos, da diretora do Museu Judaico, Roberta Sundfeld, além da atriz Sophie Charlotte, que interpretou Aracy de Carvalho na série Passaporte para a Liberdade. 

Autoridades, lideranças comunitárias e religiosas, jovens e sobreviventes participaram do acendimento das seis velas em homenagem aos seis milhões de judeus assassinados durante este trágico episódio da história. 

A parte litúrgica do evento ficou a cargo dos rabinos da CIP, Dr. Ruben Sternschein, Rogerio Cukierman, Tati Schagas e do chazan Avi Bursztein. A cerimônia foi encerrada com uma bênção aos sobreviventes e com todos juntos cantando o Hino de Israel.