Antecedendo o Dia Internacional da Mulher, a Congregação Israelita Paulista (CIP) recebeu para um bate-papo a jornalista e escritora Madeleine Lacsko, que esteve recentemente em Israel, onde visitou locais que foram alvo do ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Ela também conversou com familiares dos reféns e das vítimas em busca de material para a série “Israel em Guerra”, que já está disponível no Canal do YouTube do Antagonista.

A jornalista relatou como buscou captar a realidade com seus olhos e entregar para os espectadores na voz das próprias vítimas, que são os protagonistas dessa história, e de como finalizou cada episódio com a poesia de Yehuda Amichai.

Madeleine também trouxe suas impressões sobre a cobertura da guerra na mídia, o uso do estupro como arma de guerra, o silêncio das organizações femininas internacionais, a cooptação de jovens para as organizações terroristas e o crescimento do antissemitismo no Brasil e no mundo.

Para Madeleine, essa geração de israelenses já está marcada pela guerra. “Pessoas que vivem na única democracia do Oriente Médio tiveram os seus direitos mais básicos violados, e estão diante do deboche de uma organização terrorista que não deixa claro o que quer. Esses cinco meses de guerra já marcaram a história de toda essa geração, que foi capturada pela realidade do terrorismo e está passando por todos os traumas físicos e psicológicos”.

Com relação à cobertura da guerra na imprensa destacou: “fico chocada em ver a imprensa consumindo informação de terroristas. Sou da época em que negociar com terroristas era algo inaceitável”.

Aproveitando a proximidade com o Dia Internacional da Mulher, ela também falou sobre a demora em categorizar os abusos sexuais sofridos pelas mulheres israelenses.“O ‘mexeu com uma, mexeu com todas’ não vale para as mulheres israelenses? O que mais me choca é a discrepância, pois os grupos que estão calados, são os primeiros a fingir que o mundo acabou por causa de uma cantada, por causa de um pronome que foi trocado. O uso da violência sexual como arma de guerra não é uma coisa que pode sequer entrar em discussão. Os próprios terroristas do Hamas nunca negaram os abusos que praticaram. Eles próprios filmaram, divulgaram e tinham inclusive uma lista da tradução, das palavras que eles tinham de dizer para as mulheres em hebraico, para cometer a violência sexual”. 

Ao final do evento, que contou com a participação do público que fez diversas perguntas, a rabina Kelita Cohen e a presidente da CIP, Laura Feldman, agradeceram pela grande oportunidade em receber Madeleine na CIP.

“Foi sensacional poder dialogar com Madeleine, colocar nossas questões como judeus e judias, e ouvir a opinião de alguém que está de fora e se posiciona de forma clara e eloquente”, frisou Kelita Cohen. 

“Simone de Beauvoir tinha razão ao dizer que não se nasce mulher, se faz mulher, e você, Madeleine, é uma super mulher, Obrigada por trazer essa transparência e por estar perto de nós”, concluiu Laura Feldman.

O Projeto Mulheres em Foco é uma realização da Congregação Israelita Paulista (CIP) com o patrocínio de CSN, Financeira Alfa, Bemol, Itaú, Unigel, Banco Safra, GR, Rosset, Mayekawa, Smartstorage e Teleperformance, com apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.