Senão completamente, muito feliz.

Por que nós nunca vemos ninguém dizendo que é completamente feliz ? As pessoas dizem que as coisas “vão indo”. As mais otimistas dizem que as coisas “vão indo muito bem”. Mas nunca encontramos alguém que diz: “as coisas estão perfeitas”.

Por mais que as pessoas estejam muito felizes, parece que sempre falta alguma coisa. Mesmo que a pessoa seja magra, acha que poderia perder mais 2 ou 3 quilos. Mesmo que a pessoa seja rica, acredita que mais alguns milhões não fariam mal a ninguém. E se a pessoa é bonita, fica pensando onde poderia fazer uma pequena plástica. E assim por diante.

O fato é que ser humano nunca está completamente satisfeito…

Que bom !

Afinal de contas o que seria de nós se não acreditássemos que podemos ser ainda melhores. Se um dia chegássemos ao ponto ideal, o que faríamos no dia seguinte ? Qual seria o motivo que nos faria levantar da cama e viver um novo dia ?    

O ser humano precisa do desafio. A vontade de evoluir constantemente é o que justifica a vida. Precisamos de objetivos para continuarmos a nossa jornada. E se estes forem alcançados, precisamos criar imediatamente novos objetivos.

Por outro lado, a ânsia de querer mais não nos pode impedir de viver o presente. Não podemos nos esquecer de tudo aquilo que já conquistamos. Precisamos agradecer por aquilo que temos e saber desfrutar das nossas vitórias.

Senão seremos eternamente insatisfeitos. Esperando ser feliz amanhã, um amanhã que pode (…) nunca chegar.

Na leitura desta semana, Behaalotechá, o povo é presenteado com o Maná. O alimento  que caia do céu e que tinha a extraordinária capacidade de satisfazer qualquer paladar, até o mais refinado. Tinha o exato sabor que a pessoa que estava comendo queria que ele tivesse. 

Acreditem, mesmo assim o povo não estava satisfeito. Sabem por quê ? Porque no cardápio não havia carne.

O ser humano é assim, nunca está satisfeito.

A lição que devemos levar é a seguinte: 

Para evoluirmos precisamos querer sempre mais. É natural que as pessoas queiram ir sempre um pouco mais longe.

Porém, isto não nos pode impedir de aproveitar o presente. Devemos reconhecer que tudo aquilo que já conquistamos é suficiente para que sejamos não “completamente”, mas “muito, realmente muito” felizes.

Shabat Shalom De Londres!
Rabino Michel Schlesinger