A parashá desta semana é a última do livro de Shemot (Êxodo). A parashat Pecudei não só encerra o livro de Êxodo, mas também dá por finalizada a construção do Mishcán com uma descrição dos materiais e das quantidades com que foi construído. Nesta parashá, esse grande projeto, descrito em detalhes por Deus a Moshé e meticulosamente transmitido por Moshé àqueles que transformariam essa visão em realidade, é terminado, e agora pode começar a ser “utilizado”.  

Neste ano, a construção do Mishcán chamou mais minha atenção do que em anos anteriores. As últimas cinco parashiot falam do Mishcán direta ou indiretamente. O livro de Êxodo tem 40 capítulos; os últimos 15 estão centrados no Mishcán.

Creio que a razão pela qual neste ano essa descrição me chamou tanto mais a atenção tem a ver com o contexto que estamos vivendo — a pandemia, a criação de comunidades virtuais, o uso da tecnologia de novas formas em nossas sinagogas — e, também, com meu contexto pessoal, de ser rabina em uma comunidade e pensar constantemente na construção comunitária.

O Mishcán, a tenda de reunião, pode ser pensado como a primeira “instituição” comunitária em nosso povo: o espaço comum, os símbolos religiosos, a participação do povo na construção. Essas parashiot nos apresentam o mundo físico e o mundo espiritual, e nos ensinam que eles devem estar conectados e que precisam um do outro.

Assim é nossa comunidade, o espaço que construímos juntos, “uma comum-unidade de sentido”, como dizia um de meus rabinos. A construção comunitária está no detalhe de cada uma das coisas que fazemos, e também na sabedoria de seus líderes de convidar a todos a participar e fazer parte, assim como no compromisso dos membros a se verem como parte importante da construção. 

Com o retorno ao presencial, de alguma maneira voltamos a essa experiência da participação comunitária — o estar juntos, sonhar juntos, experimentar juntos e continuar criando comunidade. 

Que este seja o começo de uma época de crescimento, criatividade, acolhimento e construção comunitária de todos para todos.

 

Shabat Shalom,

Rabina Tati Schagas