— Se eu for eleito presidente dos EUA, o que espera Israel de mim? — perguntou o candidato Barack Obama ao presidente de Israel, Shimón Peres.
— Que seja o melhor presidente dos EUA que puder — respondeu Peres.
O melhor que podemos fazer em todas as circunstâncias é sermos nossa melhor versão. Toda vez que tentamos nos parecer com alguém, imitar, copiar; toda vez que desejamos o que é do outro, provocamos uma perda dupla. Perdemos o que pretendemos, pois nunca seremos os outros e nem teremos o que pertence aos outros do modo que eles o têm, e perdemos a oportunidade de sermos nós mesmos e atingir nosso melhor da forma que só nós podemos. E não apenas nós perdemos, mas também o mundo, pois cada um é único.
Na parashá da semana, Abrahão recebe o mandamento emblemático: lech lechá — que significa “vá em direção a você”. Para tanto, é solicitado sair da sua terra, da sua pátria, e da casa do pai. Embora alguns vejam apenas a literalidade de abandonar um lugar geográfico ou uns costumes, outros sugerem que se trata de se atrever deixar as inércias e traçar os próprios caminhos, que podem incluir aspectos do que foi herdado, mas somente isso, desde que sejam processados de forma personalizada e dando lugar a sua individualidade única.
O final do trajeto é se “tornar benção”, de modo que todas as pessoas a sua volta possam se abençoar nele. Desenvolver a melhor versão possível de nós mesmos nos brinda com a possibilidade contribuir nossa unicidade.
Conta a sabedoria chassídica que o Rabino Zusia chorava no seu leito de morte. Quando seus discípulos lhe perguntaram a razão ele respondeu:
— Se ao subir ao céu me perguntarem por que não fui como Abrahão ou como Moisés, saberei responder. Mas temo que me questionem por que não fui Zusia.
Quando acabar a pandemia e possamos voltar a viajar, que possamos sempre ir em busca de nós mesmos para encontrar o melhor potencial, desenvolvê-lo e entregá-lo. É o único que realmente nos permite fazer uma diferença verdadeira e significativa.
Shabat shalom
Rabino Dr. Ruben Sternschein