O fundo do poço
A história de Iossef e seus onze irmãos é contada em detalhes nos últimos quatro trechos do Bereshit.
José esteve no fundo do poço por mais de uma vez. Ele era diferente de seus irmãos. Embora fosse o mais amado pelo pai, era incompreendido, odiado e perseguido pelos irmãos. Na primeira oportunidade, os irmãos livraram-se de Iossef jogando-o em um poço.
Porém, a história de José teve a primeira reviravolta e ele conseguiu sair do poço de cabeça erguida e transformou-se no homem mais importante da casa do Potifar, שר הטבחים – o ministro dos cozinheiros.
Mais uma vez, por uma armadilha preparada pela esposa do Potifar, José foi parar no fundo do poço. Ele foi levado para a prisão que é chamada pela própria Tora de בור – poço.
No entanto, nosso herói conseguiu dar a volta por cima e devido a sua capacidade de interpretar os sonhos alheios, tornou-se o segundo homem mais poderoso de todo o Egito. Este cargo lhe garantiu uma vida tranqüila e também a seu pai Jacob e seus onze irmãos que vieram ao Egito a procura de comida.
Estamos comemorando Chanucá. A história desta festa relembra uma época em que o Povo de Israel conheceu o fundo do poço. Os dominadores gregos haviam proibido a prática do judaísmo e impunham seus rituais pagãos ao nosso povo. Conquistaram o Templo de Jerusalém e profanaram-no colocando em seu seio estátuas de deuses gregos. Os macabeus surgiram para retirar o povo de dentro do poço e trouxeram luz e esperança para os judeus daquela época.
Tanto na vida de Iossef como na história dos macabeus, os personagens conheceram a escuridão e o desespero. No entanto, quando tudo parecia perdido, uma luz era acesa e a escuridão do poço era substituída pela chama da esperança.
Sejamos nós os macabeus da atualidade e façamos a nossa parte para que a chama da existência judaica torne-se mais vigorosa a cada dia e que a escuridão do poço de Iossef seja substituída pela luz de uma esplendorosa Chanuquiá.
Shabat Shalom e Chanucá Sameach.
Rabino Michel Schlesinger