A leitura desta semana descreve o ritual da vaca vermelha (pará adumá). Aquele que tivesse contato com uma pessoa morta deveria passar por um processo de purificação espiritual realizado com as cinzas desse animal. O Midrásh estende a eficácia do ritual para os casos de impurificação moral e não apenas física, como determina a Torá.

Segundo o Midrásh Bamidbár Rabá, o Rei Salomão, considerado o homem mais sábio de toda a Bíblia, teria afirmado: “Eu me dediquei a entender a palavra de Deus e consegui compreender tudo, exceto o ritual da vaca vermelha”.

De fato, esse ritual desafia qualquer lógica e não pode ser compreendido de forma racional. De acordo com os Tossafot, intérpretes franceses dos séculos XII-XIV, o ritual da vaca vermelha é comparável ao beijo de um amante que não se pode compreender, mas apenas vivenciar. 

Aquele que preparava as cinzas para serem usadas no ritual tornava-se impuro. Israel de Ruzhin nos chama a atenção ao fato de que essa vaca purificava os impuros e também impurificava aqueles que estavam puros. De maneira similar, segundo o pensador, Deus também purifica aqueles que, com humildade, se aproximam da sinagoga, e reprova aqueles que chegam a ela com arrogância.

O ritual da vaca vermelha foi abandonado com a destruição do Templo de Jerusalém. Quando saímos de um cemitério, costumamos lavar nossas mãos. Entre outras explicações, esse costume serve para lembrar aquele antigo ritual.

Ainda nesta parashá, Moshé vive momentos difíceis. Seus dois irmãos, Miriam e Aaron, morrem, e ele é avisado que morrerá sem conhecer a Terra Prometida porque não seguiu corretamente as instruções de Deus ao retirar água de uma pedra. Aos poucos, os israelitas vão se afastando do Monte Sinai e se aproximam da conquista de Canaã. A geração dos espiões é substituída por uma nova geração que não conheceu a vida no cativeiro egípcio.

 

Shabat Shalom,

Rabino Michel Schlesinger