“VeHaia Ki Tavô El HaAretz Asher Adonai Elohecha Noten Lechá Nachalá Virishta Veiashavta Ba”.

Nesta semana, a Torá inicia seu relato indicando aquilo que deverá ser feito quando os israelitas entrarem em Israel. Os primeiros frutos serão colocados em uma cesta e deverão ser entregues para o sacerdote do templo. Mais importante do que deveria ser feito, era como fazer. Existia uma cerimônia religiosa que envolvia a entrega desses frutos ao Cohen. Aquele que entregasse deveria declarar: “Entrego esses frutos porque Deus prometeu essa terra aos meus antepassados e cumpriu Sua promessa fazendo-me entrar nela”. A partir desse momento, aquele que entregava os frutos deveria recordar a história do povo de Israel desde a chegada ao Egito, os anos de escravidão, até a conquista da terra de Canaã. Apenas a entrega dos frutos não seria suficiente se não viesse acompanhada da recordação da história do povo judeu. Além disto, a Parashá indica o procedimento a ser realizado para salvaguardar a memória do povo depois da entrada na terra prometida. “VeChatavta Al HaAvanim Et Col Divrei Hatorá HaZot Baer Heitev” (Deut. 27:8). Quando entrarem em Canaã, deverão esculpir pedras e nelas escrever o conteúdo desta Torá. Embora os sábios tenham discutido acerca do significado exato da expressão “desta Torá” – que poderia se referir à Torá inteira ou somente uma parte Dela -, é ponto pacífico de que a memória deveria ser resguardada. Nós somos considerados o povo do livro e até a nossa Torá Oral é escrita. Nos momentos de transição, quando se tinha medo de perder parte da memória coletiva do povo, escreveu-se obras da maior importância. Assim foi a compilação da Mishná por Iehudá Hanassí no século III e a edição do Talmud entre os anos 600 e 700. E assim, ainda nos dias de hoje, novas páginas da história do nosso povo são escritas para que a nossa memória continue a indicar quem somos, de onde viemos e por conseqüência aonde queremos chegar. Tanto a cerimônia de entrega das primeiras frutas ao sacerdote como a obrigação de esculpir nas pedras as palavras da Torá têm um objetivo comum, a perpetuação da memória do nosso povo. Apenas se recordamos o passado, conseguimos imprimir significado às atitudes do presente. O hoje pode se tornar vazio e sem significado se não estiver relacionado com a continuidade daquilo que aconteceu ontem e se não for visto como uma preparação para o amanhã. Toda a religião é construída com base na memória coletiva de um povo. Se nós não conhecermos nossa história ou ainda não nos sentirmos parte dela, não encontraremos nenhum sentido na perpetuação dos nossos costumes e tradições. Estamos nos aproximando das grandes festas. Nesses dias, estaremos nos reunindo na sinagoga e também na casa dos nossos familiares. Estaremos rezando, refletindo, ouvindo os diversos toques do shofar. Simbolicamente, é como se estivéssemos entregando nossas frutas aos sacerdotes do templo. Isto significa que precisamos também recordar nossa história. A pura realização mecânica dos rituais religiosos é incapaz de cumprir seus objetivos se não for acompanhada e apoiada na memória coletiva do nosso povo. Aquilo que um dia fomos, as diversas passagens de nosso passado comum, imprimem significado aos rituais e os tornam muito mais legítimos e significativos. Vamos agarrar a oportunidade de imprimir mais significado à nossa vida. Comecemos hoje a nos preparar para Rosh Hashaná. Assim como as frutas deveriam ser entregues aos sacerdotes junto com a recordação da história do nosso povo, assim como o povo fora ordenado a registrar suas leis escrevendo a Torá sobre uma rocha, vamos fazer nossa parte e nos conectar a memória coletiva do nosso povo. Por meio do estudo das nossas tradições, se nos esforçarmos para pesquisar e compreender o significado daquilo que fazemos, estaremos transformando este Rosh Hashaná em um momento de profunda espiritualidade – tão raro e essencial nos dias de hoje.
Bons preparativos!
Shabat Shalom
Rabino Michel Schlesinger

 

Tanto a cerimônia de entrega das primeiras frutas ao sacerdote como a obrigação de esculpir nas pedras as palavras da Torá têm um objetivo comum, a perpetuação da memória do nosso povo. Apenas se recordamos o passado, conseguimos imprimir significado às atitudes do presente. O hoje pode se tornar vazio e sem significado se não estiver relacionado com a continuidade daquilo que aconteceu ontem e se não for visto como uma preparação para o amanhã. Toda a religião é construída com base na memória coletiva de um povo. Se nós não conhecermos nossa história ou ainda não nos sentirmos parte dela, não encontraremos nenhum sentido na perpetuação dos nossos costumes e tradições.

 

Estamos nos aproximando das grandes festas. Nesses dias, estaremos nos reunindo na sinagoga e também na casa dos nossos familiares. Estaremos rezando, refletindo, ouvindo os diversos toques do shofar. Simbolicamente, é como se estivéssemos entregando nossas frutas aos sacerdotes do templo. Isto significa que precisamos também recordar nossa história. A pura realização mecânica dos rituais religiosos é incapaz de cumprir seus objetivos se não for acompanhada e apoiada na memória coletiva do nosso povo. Aquilo que um dia fomos, as diversas passagens de nosso passado comum, imprimem significado aos rituais e os tornam muito mais legítimos e significativos.

 

Não aproveitaremos o som do Shofar se não tentarmos entender a origem desse instrumento, o significado dos diferentes tipos de toques, o uso que se fazia dele no passado e as diferentes explicações para a sua utilização durante as Grandes Festas. Não poderemos atingir o significado mais profundo do Avinu Malkeinu sem nos perguntarmos quem criou essa composição, em que contexto histórico e qual é o significado por trás daquelas palavras em Hebraico. Nem mesmo o jantar na casa dos nossos familiares pode ser completo se não soubermos porque é tão importante que nos reunamos justamente nessa época do ano – ainda mais do que nas outras.

 

Vamos agarrar a oportunidade de imprimir mais significado à nossa vida. Comecemos hoje a nos preparar para Rosh Hashaná. Assim como as frutas deveriam ser entregues aos sacerdotes junto com a recordação da história do nosso povo, assim como o povo fora ordenado a registrar suas leis escrevendo a Torá sobre uma rocha, vamos fazer nossa parte e nos conectar a memória coletiva do nosso povo. Através do estudo das nossas tradições, se nos esforçarmos para pesquisar e compreender o significado daquilo que fazemos, estaremos transformando esse Rosh Hashaná num momento de profunda espiritualidade – tão raro e essencial nos dias de hoje.

Bons preparativos!

Shabat Shalom

Rabino Michel Schlesinger